Mostrando postagens com marcador Astrologia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Astrologia. Mostrar todas as postagens

sábado, 20 de janeiro de 2024

A irrupção do nagual no tonal: Plutão em Aquário - 1778 e 2024


Astra inclinant, sed non cogunt. Os astros inclinam, mas não determinam.

Para ver o futuro, estude o passado, pois tudo se repete em ciclos, o que se busca é ir para oitavas mais altas, ascendendo na espiral do tempo, sem ficar preso em sua mecânica, sofrendo as consequências de uma repetição infindável.

Estamos diante do fim de um ciclo e início de outro.

Estamos diante do fim de um mundo e início de outro.

Eu disse fim de um mundo e não fim do mundo, mas será como se fosse o fim do mundo para muita gente, pois velhos paradigmas ruirão, impérios cairão, o sistema monetário será transformado e uma nova ordem mundial baseada na multipolaridade geopolítica surge.

Naturalmente a velha ordem reage e provoca guerras e conflitos pelo mundo todo. A velha ordem aqui é representada pelo Império Anglo-Americano. A nova ordem funda-se nos BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, fundadores do BRICS, que contam agora em 2024 com mais 5 países: Arábia Saudita, Etiópia, Emirados Árabes Egito e Irã.

2024 é um ano chave em termos políticos, pois teremos eleições em boa parte do mundo, 50 países irão as urnas, já em termos geopolíticos  temos o fortalecimento do BRICS e do mundo multipolar, e em termos exopolíticos temos um movimento cada vez mais intenso ocorrendo pela revelação e desacobertamento de segredos governamentais e corporativos envolvendo tecnologia alienígena como indicam audiências públicas sobre o fenômeno OVNI (UAP) ocorridas no Congresso dos EUA e do México.

Mas algo mais nos aguarda a partir de 2024 e esse algo a mais será para a maioria das pessoas surpreendente, inesperado, imprevisível, pois estamos entrando, a partir do dia 20 de janeiro, numa configuração astral que ocorreu a 246 anos atrás: a entrada de Plutão em Aquário.

Plutão é um signo lento, seu movimento em torno do Sol é de 246 anos e ele passa em cada signo uma média de + ou - 20,5 anos. Da última vez que ele esteve em Aquário o mundo foi sacudido por eventos como:

  • a queda da Bastilha; 
  • a Revolução Francesa; 
  • a Revolução Americana; 
  • a Revolução Industrial;
  • o Iluminismo; 
  • surgimento da primeira vacina: varíola.
  • o Reino do Terror na França;
  • a Inconfidência Mineira e a morte de Tiradentes;
  • a Revolução Haitiana, Haiti é o primeiro país a abolir a escravidão;
  • o rei Luís XVI é executado; 
  • início da rebelião irlandesa contra o domínio britânico;
  • a guerra Anglo-Francesa.

A palavra chave aqui é REVOLUÇÃO. Plutão em Aquário revoluciona. Se formos pesquisar a origem da palavra vamos encontrar, do latim, "revolvere", girar, virar, dar voltas, como o tambor do revólver. Assim a associação entre revolução e armas é direta, pois vem da origem da palavra. Vemos a ideia de ciclo, de giro como no arcano 10 do Tarot. Também vamos encontrar no latim a palavra "revolutio", termo usado por Copérnico para descrever o movimento dos planetas em torno do Sol em seu tratado Revolutionibus Orbium Coelestium, de 1543, outro período de Plutão em Aquário.

Revolução é transformação radical, pela raiz, em profundidade. Profundidade é justamente o habitat de Plutão, pois ele vai fundo, vai na raiz, chega ao inconsciente coletivo, abala as estruturas, por isso é considerado uma força ou um "deus" ctônico, telúrico, do submundo, das riquezas interiores, dos segredos ocultos, dos mundos intraterrenos, dos terremotos (escrito a posteriori: tivemos no dia 20 de janeiro de 2024, aqui no Brasil, o maior terremoto de nossa história, 6,6 na escala Richter, ocorrido a mais de 600 kms de profundidade. Um "olá" de Plutão).

Plutão entra em Aquário no dia 20 de janeiro¹ fazendo conjunção com o Sol. Algo das profundidades vem à tona como no arcano 20 do Tarot. Plutão fica por 20 anos em Aquário fazendo uma breve retrogradação em novembro do corrente ano para depois retornar para Aquário. A natureza surpreendente, inesperada e imprevisível de Plutão em Aquário também é bem caracterizada pelo arcano do Julgamento. O que seria algo surpreendente? Um exemplo, o contato conosco  de seres inteligentes intraterrenos como o chamado povo Formiga, conhecido por diversos povos nativos, dentre eles os Zuni, do México, e os Huni Kuin, da Amazônia brasileira. Eles fazem parte do chamado Povo Encantado, assunto abordado aqui nesse blog através de um texto do xamã Nuvem que Passa. Um contato com uma civilização alienígena vinda do interior da Terra seria algo de fato surpreendente, inusitado, inesperado, de abalar os paradigmas e toda a história conhecida. Plutão é alienígena, é estranho, está na fronteira do nosso sistema solar e toca o desconhecido cósmico. É bom ter firme em mente que o significado de alienígena não é necessariamente o que vem de fora, isso seria extraterrestre, mas sim aquilo que é culturalmente estranho, muito diferente. O que vamos presenciar é a irrupção do nagual no tonal, se formos usar a linguagem do Xamanismo Guerreiro ou do Nagualismo.

Talvez, parafraseando Aristóteles, descubramos que o homem é um animal exopolítico!

O arcano 20 do Tarot ilustra bem Plutão em Aquário, pois vemos algo emergir do submundo - Plutão - para a superfície através do chamado de uma força celeste - Urano, o céu, regente de Aquário. É o contato com outras realidades até então ocultas, escondidas, veladas. "Se contemplarmos longamente a escuridão, algo sempre aparece", diria o filósofo Arthur Schopenhauer, nascido quando Plutão entrou em Aquário (1778). Ada mais plutônico do que isso. A eventual emergência de uma civilização intraterrena seria completamente revolucionário, já que não consta da nossa história oficial.

Se é verdade que para vermos o futuro basta estudar o passado, então devemos nos perguntar que eventos passados podem representar o que hoje aponta para o futuro. Se no passado, quando Plutão entrou em Aquário, tivemos a queda da Bastilha, devemos nos perguntar o que hoje pode representar a Bastilha, o que hoje pode representar as instituições do Antigo Regime ou da Velha Ordem. O que hoje representa a Bastilha moderna e que está em xeque? 

Um palpite interessante que representa bem a velha ordem regida pelo Império Anglo-Americano é a sede das nações unidas, a ONU, pois está mais do constatado o seu anacronismo, o seu vácuo de poder e a sua incapacidade de resolver os conflitos mundiais. Ainda temos Wall Street e a Casa Branca, pois analistas geopolíticos indicam uma tensão social crescente nos EUA devido à inflação, a dívida interna de 34 trilhões, a queda do dólar como moeda internacional e aos excessivos gastos militares para sustentar a máquina de guerra do Império. O próprio complexo industrial militar do Império pode ser visto como uma nova Bastilha, já que era nela que estava a pólvora com a qual o terceiro estado pode dar início à revolução francesa. Ora, quantos segredos, quanta sujeira, quantas tramoias não há por baixo de tal complexo, responsável possivelmente pelo assassinato de muitos, inclusive de John F. Kennedy, segundo algumas versões. O fato é que as instituições do Antigo Regime ou da Velha Ordem ruirão sob os impactos da força plutônica no signo do aquadouro e muitos segredos emergirão provocando um abalo em diferentes níveis: religioso, social, político, cultural e econômico.

Teremos assim uma nova revolução industrial assentada num novo modelo energético tal como o processo de fusão nuclear ou como a energia livre de Nikola Tesla e/ou ainda a energia do ponto zero (anti-gravidade que está por trás dos OVNIs). As denuncias fundamentadas desde 2001 através do Disclosure Project do Dr. Steven Greer ou ainda as feitas pelo cientista político Dr. Michael Salla estão em vias de alcançarem repercussões cada vez maiores sobre o ocultamento, por parte de governos e corporações, de tecnologia alienígena que poderia beneficiar amplamente a humanidade por acabar com os problemas climáticos, de fome, de miséria, de saúde e outros mais. 

Mas nem tudo são flores, o que aconteceu recentemente no Equador é uma demonstração dos efeitos de Plutão em Aquário, pois tivemos o submundo da máfia das drogas colocando em xeque o estado equatoriano, indicando assim que a sombra do narcotráfico paira sobre a América Latina como um fator de desestabilização que pode ser parte de um guerra híbrida (um conceito plutônico por certo por tratar-se e uma guerra escamoteada de um Estado contra outro).

Falar em Plutão é falar em arma nuclear, não é por acaso que o material para a bomba atômica se chama plutônio, PU 94, e mais, macacos me mordam, mas outro componente importante para a fabricação de armas nucleares é o urânio, U 92, descoberto em 1789, quando Plutão estava em Aquário e adivinha por que tal elemento recebeu esse nome? Pois é, coincidência pouca é bobagem. Talvez o risco nuclear nunca esteve tão forte desde a crise dos mísseis, pois há uma potência que provavelmente tem, mas não revelou a posse domínio de bombas atômicas: o Irã, transformando o caldeirão do Oriente Médio num potencial cogumelo atômico, pois Israel também possui armas nucleares. Por outro lado, estabelece-se o chamado equilíbrio do terror, no qual o conflito nuclear é evitado, pois em tal guerra não vencedores.

Plutão entra em Aquário  fazendo conjunção com o Sol e esse processo se repetirá pelos próximos seis anos quando o Sol entrar no signo do aquadouro. Plutão e Sol, escuridão e luz. Ora, essa conjunção está expressa na origem da palavra Apocalipse, vejamos: 
Do Grego APOKALYPSIS, de APOKALYPTEIN, “desvendar, descobrir, revelar”, de APO-, “sobre”, mais KALYPTEIN, “cobrir, esconder”. Apocalipse é revelar o oculto. Plutão em conjunção com o Sol em Aquário é o rasgar do véu de Ísis, é o rasgar do véu do Templo, muitas verdades escondidas virão à tona e os sistemas de crenças em vários níveis serão colocados em xeque. Poderemos assistir um novo iluminismo, a luz da razão superando a fé cega, a magia se revela como tecnologia.

A conjunção do Sol com Plutão também pode ser vista como a manifestação de um avatar, a descida da Divindade (o Sol) na matéria densa (Plutão). Plutão guarda relações simbólicas com Shiva.

Nessa conjunção podemos ver um exemplo simbólico daquilo que Jung chamava de coincidentia oppositorum, a integração de todos os aspectos da psique, a totalidade do ser, segundo Jung, esse seria o grande problema da Psicologia e o ponto no qual a realidade divina se manifesta, permitindo que unamos em nós aspectos díspares da alma na busca da autorrealização. Surge aqui uma janela de oportunidade para os buscadores sinceros do diferentes caminhos do Ser. Nas palavras de Jung extraídas de uma entrevista dada em 1952 à Mircea Eliade:

"Para mim, como psicólogo, o estado de graça existe: é a perfeita serenidade da alma, um equilíbrio criativo, a fonte de energia espiritual. Falando sempre como psicólogo, afirmo que a presença de Deus é manifesta, na experiência profunda da psique, como uma “coincidentia oppositorum” (unidade dos opostos), e toda a história da religião, todas as teologias, dão testemunho do fato de que a “coincidentia oppositorum” é uma das mais comuns e mais arcaicas fórmulas para expressar a realidade de Deus. A experiência religiosa é numinosa, como Rudolf Otto a designa, e, para mim, como psicólogo, essa experiência difere de todas as outras de um modo que transcende as categorias ordinárias de espaço, tempo e causalidade. Recentemente, empenhei-me no estudo da sincronicidade (em poucas palavras, a "ruptura do tempo"), e estabeleci que se assemelha estreitamente às experiências “numinosas” em que espaço, tempo e causalidade são abolidas. Não aplico qualquer juízo de valor à experiência religiosa. Afirmo que um conflito interno é sempre a fonte de profundas e perigosas crises psicológicas, tão perigosas que podem destruir a integridade de um homem. Esse conflito interno manifesta-se psicologicamente nas mesmas imagens e no mesmo simbolismo testemunhados por toda e qualquer religião no mundo, e utilizados também pelos alquimistas".

"Por isso me interessei pela religião, por Javé, Satã, Cristo, pela Virgem. Entendo muito bem que um crente veja algo muito diferente nessas imagens do que eu, como psicólogo, tenho o direito de ver. A fé de um crente é uma grande força espiritual, é a garantia de sua integridade psíquica. Mas eu sou médico e estou interessado em curar os meus semelhantes. A fé e somente a fé já não tem poder, infelizmente! - para curar certas pessoas. O mundo moderno está dessacralizado; por isso está em crise. O homem moderno deve redescobrir uma fonte mais profunda de sua própria vida espiritual. Para tanto, é obrigado a lutar com o diabo, a enfrentar sua própria sombra, a integrar o diabo. Não há outra escolha. É por isso que Javé, Jó, Satã, representam situações psicologicamente exemplares; eles são como paradigmas do eterno drama humano".

O que temos aqui é a formação de uma tempestade perfeita, diversos fatores (astrológicos, geopolíticos, climáticos, econômicos, sociais e exopolíticos) atuando para a derrocada do Antigo Regime, do Velho Mundo, para o ressurgimento, tal como a Fênix Mítica, de um novo mundo, de novos valores, de novas visões, mas a luta entre o velho e o novo está sendo e será de natureza violenta na proporção da consciência dos velhos donos de poder serem capazes de aceitar a sua derrocada sem cair atirando. Algo difícil pelo que estamos vendo.





Notas

¹ Justamente hoje, 20 de janeiro de 2024, fazem 28 anos de um dos maiores casos da Ufologia brasileira e mundial: o ET de Varginha. Será que teremos um reconhecimento oficial sobre tal caso que além de envolver a queda de uma nave teve também a captura de seres alienígenas muito parecidos com os Akarts descritos no livro sobre raças alienígenas da arqueóloga Elena Danaan.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

2024: Saturno, o minimalista existencial.

Começou 2024, do ponto de vista das calendas temos um ano novo fiscal. A Zumbilândia comemorou com fogos e explosões a virada da folhinha para reiniciar tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Mas, do ponto de vista astrológico, o ano só começa mesmo no dia 20 de março - o ponto vernal - , quando temos o primeiríssimo grau de Áries na roda zodiacal e o Equinócio de Outono aqui no hemisfério sul. Assim, por enquanto, estamos sob a influência não de Saturno, mas da Lua, regente de 2023.

2024 é o ano de Saturno, mas na verdade desde 2017 estamos num ciclo de 36 anos que é regido por Ele, segundo a tradição que vem dos caldeus, então estaremos agora com a energia de Saturno ao quadrado.

Saturno tem, indevidamente, má fama e era chamado pelos antigos de grande maléfico, quando na verdade o grande maléfico é a ignorância não reconhecida. Façamos, pois, justiça à Saturno (para os romanos) ou Cronos (para os gregos).

Precisamos esclarecer esse mal entendido olhando para o mito de Saturno - ♄. Saturno ficou conhecido por devorar os seus filhos (talvez daí venha a sua má fama como grande maléfico ou talvez seja pelo fato de ter cortado os bagos do pai Urano) já que não queria perder o poder para a próxima geração. Isso é um padrão dos donos do poder de todos os tempos e lugares, o apego ao próprio poder. 

Curiosamente, sem ter a consciência de que o desapego é em si mesmo um poder, o poder de libertar-se do passado e não ficar escravo às coisas. Assim os donos do poder na verdade são possuídos pelo próprio poder e tornam-se escravos. Por isso no Xamanismo Guerreiro o poder é tido como o terceiro inimigo¹ do homem de conhecimento. Não é possível avançar no caminho quando caímos na armadilha do (apego ao) poder.

E aqui vemos um outro lado de Saturno, pois a energia saturnal, segue, como qualquer outra energia, o princípio da polaridade em Magia, princípio oriundo da tradição hermética. Assim a energia de Saturno contém em si essa dualidade: o apego e o desapego, o querer reter e o let go. Certamente quando mais nos apegamos a uma situação que deve ir mais nós sofremos e se compreendemos a necessidade de deixar ir nos abrimos ao novo. Eis uma lição saturnal. Deixar ir, deixar fluir o rio do tempo. Tempo que é uma das palavras chaves de Saturno ou Cronos, senhor do rio do tempo. O tempo que se vai, e se esvai, anuncia um novo tempo na ampulheta de Saturno. Ainda assim algo permanece, são as areias do tempo.

Quem decide sobre a polarização dessa energia, obviamente, somos nós quando estamos conscientes e atentos ao que se passa e ao que logo se passará. O momento do Trabalho é aqui e agora, assim podemos no fundir voluntariamente com Saturno é nos tornarmos senhores de nosso tempo, do que fazemos com ele, de como o aproveitamos, pois Saturno, polarizado positivamente, é a consciência do tempo, do aqui e do agora, nos abrindo a possibilidade para um tempo além do tempo e que toca a eternidade, o eterno agora. Ou usamos o nosso tempo com sabedoria ou seremos devorados pelo tempo.

Para vencer o tempo precisamos de sabedoria (Quíron, filho de Saturno com uma ninfa), foi o que fez Reia diante de Saturno. Cansada de entregar seus filhos para serem devorados ela ludibriou Cronos ao entregar-lhe uma pedra envolvida em panos, um simulacro. Os donos do poder em geral estão tão cientes de si e de seu poder (por ser acharem os "fodões") que acabam por negligenciar suas tarefas e se deixam envolver por artimanhas. O ego acaba por cegar deuses e homens. Ora, em termos simbólicos, os xamãs guerreiros fazem o mesmo que Reia, entregam ao "Senhor do Tempo", a Águia, uma imitação daquilo que ela deseja: memórias, arquivos existenciais, experiência de vida através da técnica da recapitulação, eis o poder da recapitulação. Dessa forma eles retém para si a energia vital e ludibriam a Águia, numa manobra de espreita suprema. Nos mitos há muito ensinamento oculto.

Por isso já dizia Paracelso, grande astrólogo e alquimista:

"O homem sábio domina os astros, as estrelas não obrigam aquilo que não desejamos. Se alguém tem mais do que o outro não é por causa das estrelas, mas porque tem mais aptidão, e aptidão é coisa do espírito. A alma humana é feita dos mesmos elementos das estrelas. Deus guia as estrelas, a razão guia os homens. As influências planetárias estão em toda a Natureza: assim como o homem atrai as qualidades venenosas da Lua, a Lua também atrai as más influências do homem e as distribui com seus raios". 

Compreendido que Saturno não é benéfico ou maléfico, entendido que a energia é regida pelo princípio da polaridade, cabe a nós através do agir conscientemente usar, manipular e aproveitar essa energia de forma estratégica.

Contudo não podemos negar o fato que a maioria da humanidade opera em modo zumbi. A Zumbilândia tem motivos para temer Saturno, não por causa da energia em si, mas justamente por causa do estado de inconsciência próprio dos zumbis. Na verdade o estado de zumbi é temível em si mesmo, pois a zumbilândia é incapaz de aproveitar adequadamente qualquer coisa ou situação. A negatividade que permeia a nossa sociedade e a nossa cultura é gigantesca e tem gerado um stress que leva a um colapso global, no qual a possibilidade de uma terceira guerra mundial com formato de cogumelo atômico se faz cada vez maior.

Por isso o ano de Saturno (ao quadrado), 2024, é preocupante e ao mesmo tempo interessante como objeto de estudo, pois padrões astrais e celestes que se repetiram no passado e influenciaram certas situações estão de novo reaparecendo. Ciclos que se repetem, mas que não são exatamente iguais.

Só que nessa história toda há um detalhe, para o Brasil e, portanto, para os brasileiros a regência de Saturno será tripla, pois quando o Sol estiver a zero graus de Áries no dia 20 de março do corrente, pelo horário de Brasília, no céu do Brasil estará ascendendo o signo de Capricórnio que tem como regente ele mesmo: Cronos-Saturno. O influxo energético de Saturno amplificado vai tornar todas as questões relativas à Saturno muito mais significativas no Brasil.

O tipo de pergunta que devemos nos fazer diante da foice saturnina, diante da energia saturnal que chega amplificada é: o que é supérfluo, dispensável, inútil que preciso cortar de minha vida? Que padrões de comportamento não são mais necessários pois são drenantes de minha energia, de meu poder pessoal e que não estão alinhados com um propósito maior? Quais são os meus apegos que me impedem de fluir no rio do tempo? Saturno nos coloca diante do segundo princípio da arte da espreita: eliminar o supérfluo de nossas vidas. Saturno é um minimalista existencial.

A abordagem que fazemos aqui é mais de uma vertente moderna da Astrologia. Uma abordagem mais tradicional já falaria das cabeças que rolarão para aqueles que pisaram muito na bola e que ocupam postos de poder. Deve ter muita gente que ocupa posições de poder na atualidade na lista negra de Saturno, com certeza.  Quem viver, verá. E é a Astrologia tradicional que encara Saturno como o grande maléfico e Marte (nosso "queridinho" para quem trilha o caminho do guerreiro) como o pequeno maléfico. Para nós cabe aqui o princípio da polaridade, pois em nossa visão a Astrologia é tributária da Tradição Hermética na medida em que se baseia no princípio da correspondência de Hermes Trismegisto, não sendo apropriado definir uma energia planetária como boa ou ruim em si mesma. A mesma visão encontramos, por exemplo, na Umbanda tradicional, no qual Omulu-Abaluaiê, é visto como temível e maléfico. Ora, Omulu na Umbanda tem grandes afinidades com Saturno. Tal Orixá em si mesmo não é bom ou mau, é uma energia cósmica neutra que opera através de determinadas fontes naturais de nosso planeta ou nos locais nos quais seus "agentes" atuam. 

A energia de Saturno se conecta com a energia de Omulu, com a energia de Nanã e de todas as falanges que atuam na chamada calunga pequena (cemitério). No próximo ciclo astrológico, portanto, todas essas falanges estarão operando com grande força, em especial no Brasil. São falanges de natureza severa, protetoras além da conta, mas severas. Não são raras as histórias de médiuns que operavam com tais falanges e que por pisarem na bola foram abrupta e rapidamente desencarnados. Um caso conhecido é do famoso médium Zé Arigó, que trabalhava com o chamado Dr. Fritz, um agente espiritual que trabalha dentro da energia de Omulu.

É uma energia disciplinadora e se é verdade que só a disciplina salva então pode-se dizer que só Saturno salva ;-)

Se formos associar Saturno com o Tarot deveremos ressaltar pelo menos três arcanos: a Morte, o Julgamento e o Eremita.

A palavra corte é uma palavra chave para a força saturnina, não é à toa que o mito liga-se com a foice, é com ela que Saturno suplanta seu pai, Urano. Associa-se assim com cortar o mal, eliminar o supérfluo, operar (cirurgicamente), sanar, curar, desencarnar e com a sábia conselheira do guerreiro(a): a morte. Ora, é preciso que o velho morra para que o novo surja. Assim a força saturnina além de ligar-se aos Orixás Omulu e Nanã, também vincula-se a um dos deuses da trimurti hindu: Shiva, o destruidor. Dessa forma o ano promete ser um ano de colheita e também de separação do joio e do trigo.





Notas

¹ "O poder é o mais forte de todos os inimigos. E naturalmente a coisa mais fácil é ceder; afinal de contas, o homem é realmente invencível. Ele comanda; começa correndo riscos calculados e termina estabelecendo regras, porque é um senhor. "Um homem nesse estágio quase nem nota seu terceiro inimigo se aproximando. E, de repente, sem saber, certamente terá perdido a batalha. Seu inimigo o terá transformado num ser cruel e caprichoso.
- E ele perderá o poder?
- Não, ele nunca perderá sua clareza nem seu poder.
- Então o que o distinguirá de um homem de conhecimento?
- Um homem que é derrotado pelo poder morre sem saber manejá-lo. O poder é apenas uma carga em seu destino. Um homem desses não tem domínio sobre si, e não sabe quando ou como usar seu poder - A Erva do Diabo ou Os Ensinamentos de Don Juan Matus.

Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...