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domingo, 21 de janeiro de 2024

Das verdades que só a ficção pode dizer: Eles Vivem (os predadores) - filme

Certas verdades, devido as suas implicações existenciais, filosóficas, culturais, religiosas e sociais, só podem ser ditas pela ficção e através dela nós vislumbramos o real, porque o que chamam de realidade é um espetáculo, um show de horrores, não um sonho, mas um pesadelo do qual só se pode acordar, despertar, escapar, transcender. Os donos do mundo, aqueles que pretendem ser deuses, sabem que mais cedo ou mais tarde a casa vai cair, em cima deles.

Eles vivem ou They Live é um dos primeiros, se não o primeiro filme a denunciar a existência dos predadores, e isso ocorre logo no início do filme na cena onde acontece uma pregação em plena rua por um pastor cego e marginal, um pregador de rua. O filme é antigo, meio tosco, feito nos 80, dirigido por John Carpenter e baseado num conto de 1963, retrata bem a ilusão do sonho americano ao mostrar os miseráveis dos EUA, através de um personagem que acredita piamente no sonho americano, John Nada. As transmissões oficiais de TV são interrompidas por um sinal pirata que tenta alertar os telespectadores que eles estão sendo induzidos a viver num estado de consciência artificial. O filme tem lances muito interessantes!

Ficha Técnica
Título Original: They Live
Gênero: Terror
Tempo de Duração: 94 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 1988
Estúdio: Alive Films
Distribuição: Universal Pictures
Direção: John Carpenter
Roteiro: John Carpenter, baseado em estória de Ray Nelson
Produção: Larry J. Franco
Música: John Carpenter e Alan Howarth
Fotografia: Gary B. Kibbe
Direção de Arte: William J. Durrell Jr. e Daniel A. Lomino
Edição: Gib Jaffe e Frank E. Jimenez

Elenco
Roddy Piper (John Nada)
Keith David (Frank)
Meg Foster (Holly)
Peter Jason (Gilbert)
Raymond St. Jacques (Pregador de rua)
Jason Robards III
George Flower


ELES VIVEM

por Bruno C. Martino

“Sabe, eu acredito na América. Obedeço às regras, um dia a chance aparecerá.” diz o protagonista de Eles Vivem, John Nada, enquanto contempla, de um abrigo ilegal para sem-tetos, vários arranha-céus. A frase ufanista do personagem iria cair por terra momentos depois quando ele descobre a “verdadeira” América. O filme é a segunda contribuição de John Carpenter com a independente Alive Films, pois desacreditado com os grandes estúdios após o fracasso comercial de “Aventureiros do Bairro Proibido”, fechou contrato com a Alive para dirigir filmes baratos (mais ou menos 3 milhões de dólares cada). Eu em minha humilde e leiga opinião considero “Eles Vivem” um dos melhores, mais divertidos e mais políticos filmes de Carpenter.

É até difícil de acreditar que um norte-americano tenha concebido um filme assim devido à sua crítica ácida à própria sociedade norte-americana. E mesmo sendo visto anos depois o filme continua mais do que atual.

“Eles Vivem” narra a trajetória de John Nada (o westler Roddy Piper) um andarilho que sobrevive de ‘bicos’ aqui e acolá. Ao chegar em Los Angeles ele arruma um emprego temporário em uma obra, e nela conhece o negro Frank (Keith David de “Enigma do Outro Mundo”) talvez o cara mais conformado com a própria realidade de quem se tem notícia. Eles passam a morar em um terreno baldio, uma espécie de acampamento ilegal para sem tetos onde conhecem Gilbert (Peter Jason, do anterior ‘Príncipe das Sombras’) uma espécie de líder local. Só que esporadicamente durante a transmissão de TV, o pessoal do acampamento recebe uma interferência de uma tv pirata, onde um homem gordo barbudo diz frases como: “Nos induziram a viver num estado de consciência artificial, os pobres e a classe média estão aumentando. Não há mais direitos humanos nem justiça contra o racismo. Querem dominar através do aniquilamento da consciência”. Ninguém dá muito valor às transmissões, mas Nada começa a ficar de butuca em tudo, principalmente na igreja do outro lado da rua, onde Gilbert entra e sai sempre meio desconfiado. Um dia, Nada decide entrar na Igreja e dá de cara com uma espécie de laboratório com diversos óculos escuros na mesa. Além disso, percebe que a música do coral da igreja é gravada. O que ele não vê é que em uma parte do local o mesmo gordo barbudo da transmissão de tv está com Gilbert discutindo como fazer uma transmissão melhor e como trazer mais partidários para sua “causa” que até então não foi explicada no filme. Só que certa noite, várias viaturas e tropas de choque da polícia invadem o acampamento, destruindo tudo e prendendo os ‘cabeças’ da suposta conspiração. No dia seguinte, Nada entra novamente na igreja e leva consigo uma caixa lacrada, mas fica totalmente decepcionado quando vê que a mesma só contém óculos escuros. Sem entender patavinas (será que foram presos porque pirateavam óculos do Paraguai?), Nada normalmente volta às atividades normais só que ao colocar um dos óculos escuros, descobre a cruel verdade. A visão que ele tem é aterradora, ao olhar para um outdoor que oferece viagens ao Caribe enxerga a frase: “Case-se e reproduza”, ao tirar o óculos vê que o outdoor continua a mesma oferta de viagem ao Caribe. Ao colocar novamente e olhar para outro outdoor lê “Obedeça”, em outro “Não questione a autoridade” e assim sucessivamente, até um alto falante fica transmitindo a todo momento a frase: “Permaneça dormindo”.

Mas o momento mais simbólico é quando usando os óculos Nada vê nas mãos de um homem pedaços de papel com as frases : “Este é seu Deus” só que na verdade são notas de dinheiro! A intenção original de Carpenter era usar propagandas reais, mas as empresas obviamente não quiseram ter suas imagens associadas a mensagens subliminares e dominação da mente. Aliás, a filmagem das cenas foram trabalhosas, a equipe primeiro filmava a visão “real” e depois a visão dos óculos, substituindo os outdoors e placas de sinalização por outras com as tais mensagens subliminares, o interessante é que as pessoas que estavam passando por ali nem se deram conta das tais mensagens de ordem o que foi no mínimo assustador para o diretor. Outro fato interessante é que quando se coloca os óculos passa-se a ver em preto-e-branco. Será Carpenter querendo dizer que a realidade colorida que vemos todos os dias não passa de aparência?

Nem precisa dizer que Nada fica totalmente transtornado e ao passar em uma banca de jornal dá de cara com um ser com aparência cadavérica e olhos metálicos. Ao tirar os óculos no entanto vê um homem bem vestido de meia-idade. É aí que Nada se dá conta: “Eles” controlam a mídia, a política e a polícia. “Eles” são os que tem as melhores oportunidades. “Eles” são os donos de imensas fortunas. “Eles” são alienígenas dominando (secretamente) o planeta! O interessante é que os alienígenas sempre são os milionários, políticos, ou seja, a classe média alta, a elite. Vez ou outra há alguns infiltrados na polícia (para garantir a força repressora de rebeldes humanos) e na mídia (para através das mensagens subliminares na propaganda e tv manter os humanos em um estado de dormência) . Já os humanos que têm noção disso, ou se aliaram a eles em troca de poder e dinheiro, ou formaram pequenas milícias com o propósito de destruir os invasores, como é o caso de Gilbert e o pessoal da igreja.

Após descobrir toda a verdade, Nada se sente praticamente traído pela América que tanto amava e acreditava. Agora, a “terra da liberdade” não passava de utopia e aparências, e por mais que ele tentasse subir na vida, “eles” não iriam deixar. É como se Nada se sentisse privado de seu direito de ser alguém, de crescer. Agora ele iria combater os invasores nem tanto para ajudar a América e sim por estar profundamente “p” da vida com eles. E ele se vinga do modo Carpenter: rouba armas de uns policiais aliens e invade um banco dizendo: “Eu vim aqui mascar chiclete e matar gente. E meus chicletes acabaram” e começa a atirar em alienígenas. Ele segue uma regra somente: nunca matar humanos, somente aliens e os últimos sofrem o diabo na mão do herói. Não demora e ele passa a fugir da polícia e acaba se encontrando com Holly (a meio insossa Meg Foster) e a obriga a levá-lo à sua casa e dar-lhe abrigo. Lá tenta explicar tudo à moça só que ela o nocauteia com uma garrafa fazendo o pobre homem atravessar a janela e rolar colina abaixo em uma cena muito bem filmada por sinal. Sem armas e perseguido pela polícia, Nada procura a ajuda de Frank que se mostra relutante sempre dizendo que “não quer se envolver”. Numa das cenas mais memoráveis do filme, ao tentar convencer o amigo a colocar os óculos e não obter êxito pela conversa, Nada apela pra porrada numa seqüência violenta e ininterrupta de socos, pontapés, chutes no saco, mordidas e tudo mais, criando assim uma das lutas de maior duração do Cinema (7 minutos 10 segundos!). Hoje em dia qualquer filme do Jackie Chan ultrapassa essa marca, mas a luta de Nada e Frank por ser totalmente “anti-Cinema”, ou seja ser o mais próxima da realidade possível, ainda causa um impacto tremendo. A luta originalmente deveria ter 20 segundos mas os atores resolveram aumentar sua duração o que agradou ao diretor.

Eles então descobrem que como não podem matar todos os alienígenas devem invadir a emissora de tv Canal 54 e destruir a antena no terraço que é a que manda ondas que mantém os humanos dormindo. Só com a interrupção do sinal os humanos poderão ver a verdadeira face dos alienígenas.

Não é que o filme continua atual depois de décadas? Afinal, o que mudou? A mídia ainda domina (e aliena) a maior parte da população, os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Mas assim mesmo é interessante analisar o contexto político que fez “Eles Vivem” ver a luz do dia. Era o governo Reagan que mandava e sua “Reaganomics” era a bola da vez. Um plano político que defendia o neoliberalismo a unhas e dentes. Reagan cortou gastos públicos, diminuiu impostos e privatizou empresas estatais, estimulando as empresas privadas a ocuparem todos os espaços da vida econômica, gerando desemprego e enfraquecimento dos sindicatos. E ainda por cima Reagan insistiu em manter os impostos reduzidos e os gastos militares em expansão e, para equilibrar o orçamento, propôs que os gastos sociais fossem cortados, ocasionando mais desemprego. Não mudou muita coisa no mundo não é mesmo? Segundo Carpenter:

“Eu quis falar sobre um monte de coisas que estavam acontecendo no país naquele momento. Havia essa tendência ao capitalismo selvagem que era um estupidez total. Todos os problemas que eu achava que tinham sido resolvidos estavam de volta: censura, racismo. Mas eu não quis pregar. Então eu peguei um conto e o adaptei”.

O conto em questão foi “Eight O´Clock in The Morning” do escritor de Ficção Científica Ray Faraday Nelson publicado em 1963 na “Magazine of Fantasy and Science Fiction” e Carpenter assina o roteiro como Frank Armitage em homenagem a um personagem do escritor H.P. Lovecraft que aparece no conto “O Horror de Dunwich”. A tal censura que Carpenter dizia sofrer ainda rende uma bem humorada cena lá para o final do filme. Dois críticos de cinema estão conversando sobre a violência na mídia e um solta a seguinte frase: “Cineastas como John Carpenter e George Romero deveriam se conter um pouco”. Ei, quem em sã consciência diria isso? Não se preocupem, eles eram alienígenas mesmo.

Apesar de ter o pique e a cara dos filmes B de ficção científica dos anos 50, “Eles Vivem” guarda certas diferenças interessantes. Como bem disse o jornalista José Geraldo Couto - e que pretendo reproduzir na íntegra, já que é magnífica sua análise - em seu ótimo artigo sobre o filme na extinta revista Set - Terror e Ficção:

“Se naqueles [clássicos B de ficção científica] os invasores eram perigosos porque vinham destruir o american way of life, neste filme são eles que patrocinam e sustentam o mesmo american way of life, apresentando como o verdadeiro mal a ser combatido.” E ele continua: “Enquanto os velhos filmes de marcianos ostentavam um viés nitidamente anticomunista, em Eles Vivem são aqueles que combatem os invasores que são perseguidos como comunistas”.

Além disso, nos clássicos, os heróis sempre eram cidadãos de classe média politicamente corretos. Aqui, são trabalhadores braçais que convivem com a falta de moradia e de emprego. E os heróis interpretados por Roddy Piper e Keith David nem são bonitos ou elegantes, o que os faz parecer ainda mais com pessoas “normais” do dia-a-dia. A trilha sonora habitualmente composta por Carpenter não é lá muito memorável, mas lembra os faroestes das antigas especialmente nas primeiras cenas de Nada caminhando solitariamente pelas estradas da cidade com a mochila na costas. O filme ainda conta com uma das taglines mais legais já vistas: “Você os vê nas ruas/ Você os assiste na TV /Você talvez até vote em um nessas eleições/ Você acha que eles são pessoas como você./ Você está errado.... mortalmente errado.” Sem contar os ótimos efeitos visuais (a maioria simples, mas eficientes) e os de maquiagem. Os aliens-yuppies estão assustadores, basicamente uma cara esquelética com carne e nervos expostos além de olhos metálicos, tudo isso a cargo novamente do maquiador Frank Carissosa vindo do anterior “Príncipe das Sombras” também de Carpenter.

Mas não pense que por conter toda essa crítica social e política e ainda uma certa dose de filosofia, o filme seja chato ou se alongue demais nessas questões como algum Matrix da vida. Pelo contrário, após o protagonista descobrir a verdade, é ação que não acaba mais! São tiros, porrada e reviravoltas a todo momento. O mais interessante é constatar que mesmo sendo um filme pequeno, “Eles Vivem” foi referenciado em diversas outras obras. Em capas de discos de rap, videoclipes, a frase do chiclete que Nada diz ao entrar no banco aparece no jogo de videogame Duke Nukem 3D, e em outro videogame “The Simpsons - Bart Vs. The Space Mutants”, onde Bart Simpson ao colocar um óculos escuros passa a ver quem são os humanos e quem são os alienígenas em Springfield.

Essa pequena pérola da ficção científica só foi lançada em DVD nos Estados Unidos, por aqui somente saiu em VHS e se você tiver alguma sorte até acha em locadoras com bom acervo ou em algum sebo. Fato é que nunca você enxergará o mundo da mesma forma depois de "Eles Vivem". É como dizem: "a ignorância é uma dádiva", cabe a nós aceitarmos ou não colocar os "óculos". Qual a sua escolha?

Bruno C. Martino

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

O deus que não é deus - predadores, chitauris e falsos deuses

Aglomerado Estelar das Plêiades 

Este planeta tem sido constantemente visitado e muitas formas di­ferentes de seres humanos foram semeadas aqui através de grande variedade de experiências. Houve muitos fatores que influenciaram o curso da história na Terra. Durante milhões de anos, existiram neste planeta civilizações que vieram e se foram sem deixar vestígio. Todas estas civilizações, assim como a vossa história, foram influenciadas por inúmeros seres luminosos que vocês denominaram Deus.

Na Bíblia, muitos destes seres foram combinados passando a representar um ser, quando não eram de jeito nenhum um único ser mas uma combinação de várias energias luminosas extraterrestres muito poderosas. Eram, sem dúvida, energias majestosas vistas sob nossa perspectiva, e é fácil compreender porque foram adoradas e glorificadas.­ Não há literatura na Terra que apresente um retrato verdadeiro destes seres. Todos os deuses vieram aqui para aprender e acelerar o seu próprio desenvolvimento através do trabalho com criatividade, consciência e energia.

Alguns foram bem sucedidos e aprenderam suas lições, enquanto outros cometeram erros devastadores. Quem eram estes deuses da antiguidade? Eram seres capazes de modificar a realidade e comandar os espíritos da Natureza segundo a sua vontade. Os humanos tradicional­mente chamam de Deus seres capazes de fazer o que eles não conseguem. Estes seres passaram por antigas culturas de varias sociedades, retratados como criaturas aladas e bolas de luz. Este mundo é permeado de pistas, indícios e artefatos que indi­cam quem eram os seus deuses.

Contudo aqueles que desejavam manipular os humanos inventaram suas próprias historias criando paradigmas para os poderem controlar. Disseram-lhes que estes seres eram deuses verdadeiros e vocês foram ensinados a cultuá-los, adorá-los e obedecê-los Este paradigma está agora na eminência de sofrer uma mudança gi­gantesca. A verdade aparecerá, uma verdade que mudará completamente a maneira como vêem o mundo. Pobres da­queles que não quiserem enxergar. As reverberações do cho­que atingirão todo o mundo.

Os deuses criadores que têm governado este planeta possuem a capacidade de assumir a forma física, embora na maior parte do tempo existam em outras dimensões Eles mantêm a Terra numa determinada freqüência vibracional criando traumas emocionais para se alimentar. Existem seres que honram a vida acima de tudo, e seres que não respeitam a ­vida nem compreendem a ligação que têm com ela.

Consciência alimenta consciência. Não é fácil entenderem este conceito, porque vocês se alimentam de comida. A comida­ para alguns seres, é a consciência. Toda a comida contém consciência em algum ponto do seu próprio desenvolvimen­to, quer você a frite, cozinhe ou colha da horta; você a ingere para manter-se nutrido. As vossas emoções são alimento para outros seres. Quando vocês são controlados para gerarem de­vastação e fúria, estão criando uma frequência vibracional que sustenta a existência destes outros seres, porque é disso que eles se nutrem. Existem seres que vivem da vibração do amor, e esse grupo gostaria de restabelecer o alimento do amor neste pla­neta.

Eles gostariam de ligar este universo na frequência do amor para que ele tenha a oportunidade de sair e semear outros mundos. Vocês representam o grupo renegado da luz, concorda­ram em voltar ao planeta, e têm uma missão. Vieram para estes corpos físicos para assumirem o seu comando e mudá-los através do poder da vossa identidade espiritual. Todos selecio­naram com muito cuidado as linhagens genéticas que lhes trariam a melhor vantagem inicial. Cada um escolheu uma história genética através da qual membros da Família da Luz já passaram.

Quando os seres humanos viviam nos domínios que lhes pertenciam por direito e podiam compreender diversas reali­dades, possuíam a capacidade de serem multidimensionais, de serem iguais aos deuses. Vocês estão começando a desper­tar esta identidade dentro de si. Os deuses assaltaram esta realidade. Para que vocês acreditassem serem eles Deuses com D maiúsculo, os remode­laram geneticamente. A Família da Luz foi expulsa do planeta, e o time das sombras, que operava através da ignorância, assumiu o co­mando. Os corpos que ocupam carregam o medo e a lembran­ça da luta pelo conhecimento que estes deuses representavam e roubaram de vocês. Estas criaturas espaciais magníficas podem exercer a manipulação de várias maneiras e trabalhar com a realidade de inúmeras formas diferentes.

Os humanos, na ignorância,começaram a chamar estas criaturas espaciais de Deus, com D maiúsculo. Deus com D maiúsculo jamais visitou este planeta como uma entidade. Deus com D maiúsculo está em todas as coisas.Vocês lidaram apenas com deuses com d minúsculo que de­sejavam ser adorados, queriam confundi-los e consideravam a Terra um principado, um lugar que possuíam nas fímbrias da galáxia deste universo de livre-arbítrio. Antes da pilhagem, vocês possuíam tremendos atribu­tos. O exemplar biogenético do ser humano original recebeu informações maravilhosas, era interdimensional e podia fazer coisas incríveis.

Quando estes deuses criadores assaltaram o planeta, acharam que as espécies locais sabiam demais Elas possuíam capacidades muito semelhantes às de quem deseja­va passar por Deus.

Bárbara Marciniak - Mensageiros do Amanhecer - baixe o livro AQUI!


Conhecereis a verdade e ela vos aterrorizará.

Estamos sendo enganados faz séculos...mas onde está a novidade? No tipo de engano, que é um engano dentro do outro para que não possamos ver o quadro como um todo.

Deus que não é deus, é apenas um ente alienígena predando nossa energia??? Difícil de acreditar, né? Eu sei... Especialmente quando não o podemos ver e perceber seu modus operandis. Mas como não estou sozinho nessa empreitada vamos expô-los mesmo correndo o risco de nos expor.

Esse texto não foi feito para sua mente lógica, foi feito para a sua memória adormecida.

Mas antes uma ideia tão simples, tão óbvia e tão lógica. Não há surpresa em deus ser um alien, especialmente um falso deus, pois a própria ideia de deus implica em algo além do humano, além da Terra. E se fomos criados por ele nossa própria humanidade tem uma outra origem (uma origem bem diferente das teorias mais aceitas). Lógico. Assim a pergunta de Erik Von Danniken torna-se uma afirmação, os deuses foram e são astronautas.

Que pira, hein!? Juro de pé junto que estou sóbrio. Mas não dizem que a realidade é mais alucinante que a ficção?

Comentários e indagações ao texto de Gênesis 3.

Recomendo antes ler o post "Uma estória mal contada" e para quem não leu os outros posts sobre predadores recomendo ler antes para um melhor entendimento.

Quem é nós? Se Deus, que é único, não estava só, quem estava com ele nas mesmas condições de conhecimento do bem e do mal?

Se for dito que eram o Filho e o Espírito Santo, não há nada no texto que ateste isso. No texto apenas a Serpente, detinha também esse conhecimento do bem e do mal. Portanto a Serpente era como deus, sabedora do bem e do mal.

No original em hebraico Deus é Elohim, uma palavra no plural, que significa Deuses. Deus é Elohá.

Ao comerem do fruto da árvore do conhecimento o casal original não morreu tal como "Deus" disse. Por conseqüência "Deus" mentiu e a serpente disse a verdade.

Apenas a árvore do conhecimento era proibida, a árvore da vida não. Assim deduz-se que ao terem acesso a esta árvore o casal original era imortal. Assim o texto é paradoxal, pois foram expulsos do Éden para que não tivessem acesso a algo que já tinham. Aliás o texto é paradoxal porque "Deus" mente, "Deus" não é Deus, na verdade, são Deuses, e expulsa o homem de ter acesso a eternidade para que ele não se equiparasse a eles próprios. Os deuses não queriam que o homem se tornasse como eles, por isso foi expulso.

Que Deuses são esses? Seriam Deuses? Ou seriam outra coisa? Que tipo de ser passeia pelo jardim do Éden ao fim da tarde sem saber o que se passa, pergunta “onde estás” e diz-se Deus?

O casal primordial tinha acesso aos frutos da árvore da vida, então, era de se supor imortal, mas imortalidade esta dependente do consumo de tal fruto. Não seria por isso a proibição e a expulsão do Éden, esse clube dos deuses? A morte para o casal primordial veio pela falta de acesso a árvore da vida e não por ter comido da árvore do conhecimento.

Não ilustra bem a proibição de acesso a árvore do conhecimento o desejo de manter uma exclusividade pelo poder por parte de seres que se intitulam deuses?

Não é esta história um conto botânico, enteógeno? Parece que descobrimos a raiz do proibicionismo contra certas plantas naturais...risos.

Está escrito talvez por causa desse clube dos deuses o seguinte - Mateus 11;12:

E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.

Na verdade, esta história da queda é a história de um falso deus, de falsos deuses, esses seres são os predadores de consciência revelados atualmente por Carlos Castaneda.


O deus do Gênesis, primeiro livro da Bíblia, não é Deus.

A maior referência mítica, religiosa e cultural sobre os predadores ou sombras de lama, como escreve o nagual, é a estória da queda, contida em Gênesis 3.

Não entraremos na questão de Deus em si, mas queremos mostrar esse deus que está na origem da bíblia, pois ele é não é Deus, é um ente que se arroga como tal. Não se comporta como tal, não é onisciente, mente e é egoísta, quer o conhecimento apenas para si, apenas para os seus, bem como a imortalidade.

Esse deus que não é Deus, mas é tido por tal, é o predador revelado por Carlos Castaneda.

A Serpente edênica por outro lado é nossa aliada, amiga da humanidade, nos revela o conhecimento e desmascara o pretenso deus. A Serpente é um símbolo sagrado em diferentes tradições, inclusive na tolteca, lá ela é Quetzalcoatl, a serpente de plumas, a serpente emplumada. No Juremal a serpente é uma constante, usando a árvore como proteção e tornando-se miticamente sua guardiã.

O próprio nagual fez extensas pesquisas sobre o tema não encontrando nenhuma referência sobre os voadores em outras culturas mas o tema do voador ou do predador está na essência de uma das primeiras estórias bíblicas, bíblia que é a matriz cultural de nossa civilização, civilização de predadores, bíblia de voadores. E, por sua vez, a história da queda é matriz cultural que dá forma ao padrão de comportamento básico de nossa civilização, o padrão do pecador.

A referência fundamental está e estava ali disponível para o nagual e para qualquer um, é a história da queda do homem contida na bíblia.

A Serpente representa a consciência da Terra, é a consciência do mundo natural, feminina e ecológica, representa o eterno poder do feminino, e como somos filhos da Terra, essa consciência também se expressa em nossos corpos, em nosso corpo ela é a serpente Kundalini dos iogues. O objetivo da consciência da Terra é nos conectar com ela para que nos libertemos da mente do predador. O uso sábio e sóbrio de plantas de poder é uma forma de nos conectarmos a essa consciência e promover o despertar da serpente Kundalini. Muitos caminhantes do Xamanismo de plantas de poder não ignoram a capacidade de estimular a Serpente Kundalini de plantas de poder como a Ayahuasca. Algo que exige do praticante grande equilíbrio ao lidar com esta Força. Não é à toa que a serpente é o clássico símbolo da medicina, pois Ela é a medicina contra o parasita que é o predador. Ao nos conectarmos com a consciência da Terra adquirimos a harmonia e a paz interior que implica na cura da mente doentia do predador.

O cultivo do brilho da consciência em conjunção com o uso sóbrio e sábio de plantas de poder é outro fator para o despertar e o desenvolvimento da Kundalini.

Sobriedade é um caminho perigoso, pois não é um insosso caminho que foge da luta, mas é um equilíbrio delicado e dinâmico entre os opostos. Falsa sobriedade é uma abstenção, na maioria das vezes covarde, sem a graça e a plenitude da vida. Verdadeira sobriedade é trilhar o caminho entre os extremos, incólume, humildemente, sabendo que a morte está a um braço de distância.

Nem todos precisam do auxílio de plantas de poder.

O uso de plantas de poder é uma forma de nos conectarmos com a consciência da Terra. Alguns, em especial as mulheres, já possuem essa conexão por si. O uso de plantas de poder não pode ser indiscriminado. Deve estar em harmonia com a energia e a configuração de cada um. Cada um tem uma planta que lhe é favorável, tornando-se assim um aliado.

Já o cultivo do brilho da consciência é fundamental.

Este brilho é a fonte de alimento dos predadores.

Também é a fonte de alimento de nossa alma, de nosso corpo de energia.

“Consciência alimenta consciência”.

Através de nossas emoções alimentamos outros seres.

Os predadores criam traumas emocionais que sustentam um determinado padrão de energia que permite a sua subsistência. Precisamos cortar-lhes a comida. Precisamos deixar de sentir medo.

Por aí dá para perceber porque as religiões teístas e patriarcais perseguiram e perseguem o feminino até hoje. A mulher não está tão sujeita ao predador como o homem, então teve que ser sujeitada pela força. A caixa de percepção que é o útero feminino teve que ser domado pela força, pelo preconceito, pela repressão, pelo rebaixamento da mulher e pela proibição dela como sacerdotisa. Não há mulheres ocupando posições de destaque no Judaísmo, no Cristianismo e no Islamismo, as 3 grandes religiões do mundo.

Por aí dá para perceber porque fomos afastados do mundo natural, da natureza e fomos trancafiados em grandes cidades, em enormes humaneiros, onde homens não são mais seres humanos, não são mais mamíferos em harmonia com o meio, são parasitas que se reproduzem destruindo tudo a sua volta. Tal comportamento é reflexo da mente alienígena do predador.

A humanidade atual foi feita à imagem e semelhança do predador.

Por aí podemos perceber porque a agenda de destruição do planeta em ação há séculos. Afinal de contas porque humanos conspirariam contra humanos e contra si mesmos? A essência da dominação consiste em dividir os dominados para assenhorar-se deles. Notem quem em torno da Bíblia existem 3 grandes religiões patriarcais e teístas, que lutam entre si pelo rebanho e que estão divididas em milhares de seitas, facções e igrejas, e que no suposto lugar do túmulo de Cristo existem dois túmulos (relativos a diferentes seitas) e vários altares.

Para a mente é difícil acreditar nisso, mas é porque esta mente não é nossa de fato, por isso não temos nenhum controle sobre ela. Já tentou ficar 2 minutos sem pensar?

No sonhar eles, os predadores, têm a capacidade de se metamorfosear. Mas não apenas no sonhar. Parece haver diferentes tipos conforme o tipo de energia com que se alimentam. São um grande pé no saco dos sonhadores conscientes que dão os primeiros passos para fora da cerca. Não tem um pingo de dó de nós, nos sugam impiedosamente num verdadeiro estupro energético. Uma visão nada agradável. Mas nem por isso assustadora. São seres naturais, pertencem a Natureza, num outro nível de realidade, mas bem próxima a nossa realidade. Quando aumentamos nossa energia eles vêm que vem em cima, numa ansiedade louca por comida, nós. São inteligentes, organizados e nos atingem em nosso ponto fraco, intensificando nosso diálogo interno nas questões que nos preocupam ou que nos fazem vibrar dentro de uma emoção negativa. Parece haver uma predileção, por exemplo, pelos fanáticos religiosos. Lógico.

Como disse o nagual nossas armas são disciplina e silêncio interior.

Diferentes tradições nativas os reconhecem, reconhecem a existência dos predadores.

Há uma tribo africana, os Zulus, onde os deuses são vistos como inimigos do homem.

Esses deuses, que são em verdade os predadores, são chamados de chitauri, que significa os ditadores que nos transmitem a lei. O vídeo abaixo é parte de uma longa entrevista com um xamã africano chamado Credo Mutwa e fala an passant nesse assunto dos chitauri.



Uma tribo australiana, os Coorie, os chama de Byamie.

Temos isso também na mitologia grega, especialmente no mito de Prometeu, onde os deuses se opõem a entrega do fogo ao homem. Deuses, hein!?

Blasfemo, blasfemo, blasfemo! Parece que ouço o coro de sombras a berrar...

David Icke, pesquisador inglês, os chama de Reptilianos. Para ele nem todos são predadores.

Bárbara Marciniak, de Mensageiros do Amanhecer, os chama de Lizzie (Reptilianos) e também diz que nem todos são predadores.

Afinal, a serpente mítica da queda não quis nos ajudar?

Aqui está o fruto proibido do conhecimento.



domingo, 7 de janeiro de 2024

A reencarnação é uma escravidão?



Eu tenho muitos amigos espíritas e nesse texto há uma série de questões incômodas, inclusive a ideia de que a reencarnação é uma forma escravidão. E se for? Faz anos que abordamos este tipo de questão aqui no blog e que é o tipo de questão que nos leva a questionar com uma certa lógica paradigmas muito bem estabelecidos e pouco colocados em xeque. Segue o texto, a fonte é citada ao final. Nem é preciso dizer que tudo aqui deve ser visto como elementos de reflexão e não como verdade absoluta, mas está dito ;-).

A reencarnação é uma escravidão

Roda do Samsara – O ciclo de nascimento e morte

Já alguma vez te perguntaste porque reencarnamos?

Porque é que temos vidas tão curtas e, na maioria das vezes, os únicos caminhos espirituais são oferecidos apenas por religiões ou professores muito duvidosos?

Ou porque essas religiões são construídas sobre estruturas hierárquicas?

Já te perguntaste porque há tanta maldade no mundo?

E porque que essas pessoas más, tornam-se os líderes dos homens?

E a grande pergunta sobre a reencarnação:

Porque não nos lembramos das nossas vidas passadas?

Como podemos resolver a nossa vida passada, se nem sequer nos lembramos dela?

Vivemos as nossas vidas, sendo perseguidos pelas nossas vidas passadas e, no entanto, não podemos vê-las.

Carregamos os hábitos residuais e características dos nossos antigos Eus, no entanto, não temos a mínima ideia de onde vieram. Na maioria das vezes, não temos ideia de como eles nos afetam no presente.

Portanto, como podemos resolver os nossos problemas do passado?

Especialmente  porque nos afetam, mesmo nesta vida?

Qual foi a pessoa religiosa ou professor espiritual, ou canalizador ou iogue que já respondeu a esta pergunta de forma satisfatória:

Porque não nos lembramos das nossas vidas passadas?

A resposta pode ser assustadora.

Está escrito nos textos védicos e purânicos, que a humanidade viveu longos períodos de vida durante a era dourada. Eles passavam a vida em meditação profunda e estavam em equilíbrio e harmonia com a Mãe Natureza. Então, algo aconteceu.

Nas lendas, mitos e textos antigos, descreve-se a queda do homem.

“O homem é perfeito em sua origem, um ser divino que se degenerou naquilo que somos.” A. Schwaller de Lubicz (O Milagre Egípcio)

” … O homem primitivo era o modelo mais verdadeiro e representante do homem e, todo o progresso humano desde então, embora ascendente em algumas coisas, tem estado em grande parte em incessante deterioração … Todo o mundo que veio a seguir depois do homem primitivo, honrou e até mesmo adorou os seus primeiros pais como próprios deuses de luz, conhecimento e grandeza”. Joseph A. Seiss (Evangelho nas estrelas)

“Em seguida, ela acrescentou uma profecia na qual previu o fim da Era Divina e o início de um nova, em que os Verões seriam sem flores, as vacas dariam menos leite e as mulheres seriam desenvergonhadas e os homens sem forças, uma Era onde as árvores não teriam frutos e os mares sem peixes, quando os idosos dariam falsos conselhos e os legisladores fariam leis injustas, quando os guerreiros se trairiam uns aos outros e os homens seriam ladrões e não haveria mais virtude no mundo”. (profecia de Badb, Rainha Guerreira da Irlanda ) 

Então, o que causou essa “queda”?

Podemos ver que em um determinado momento, os deuses vieram do céu  e, os seres humanos aprenderam a agricultura e a pecuária, que é a escravidão dos animais. Com esse conhecimento, vieram as cidades, os reis, os sistemas hierárquicos de controlo, os exércitos, a guerra, escravidão e a adoração e sacrifícios dos deuses.

Esta foi a queda do homem. A humanidade saiu do equilíbrio e harmonia com a Mãe Natureza e, assim, começou a perder a virtude.

Então, quem eram esses deuses que vieram e deram este conhecimento a humanidade? De onde vieram? Eles não são da Terra. Eles vieram para escravizar a humanidade, para exigir sacrifícios de carne e osso, inclusive sacrifícios humanos.

Eles exigiram que fossem adorados. E, como lemos no Antigo Testamento, Jeová destruía raças inteiras, ou ordenava que o seu “povo escolhido” destruísse por ele.

Os gnósticos chamavam esses deuses de Arcontes.

Don Juan chamou-lhes de Predadores …

Esses deuses têm se alimentado da humanidade há milhares de anos …

Eles nos consideram seu rebanho, assim como consideramos os animais da fazenda. Como acima, assim abaixo. Eles alimentam-se das nossas emoções e energias negativas e alimentam-se da nossa adoração a eles. Eles gostam especialmente de sangue e sofrimento, então criam conflitos, violência e guerras entre os homens.

Observe que a maioria das guerras foram entre religiões…

Mas também nos controlam através das religiões, ideologias, governos, sociedades, propaganda a imprensa, etc.

Outra maneira de nos controlar é através da reencarnação.

A reencarnação é uma forma de escravidão. 

Após a queda, a duração de vida do homem foi drasticamente reduzida. Antes da era atual, os homens apenas viviam uma vida média curta, de 25 a 40 anos. Isso não é tempo suficiente para descobrir o que é a vida, especialmente se tudo o que recebiam era as religiões dos deuses.

Tinham que trabalhar o dia todo, criar as suas famílias e em seguida morriam.

E depois surge a pergunta, porque não nos lembramos das nossas vidas passadas.

Nascemos constantemente na ignorância e o único conhecimento disponível, era o que os "deuses" nos deram – religiões e ideologias. Depois de poucos anos, morremos na ignorância e, em seguida, voltamos de novo. Isso mantém o rebanho em ordem.

Sem qualquer recordação, estamos presos na ignorância, sem as ferramentas adequadas para nos libertarmos. Ocasionalmente, algumas grandes almas foram capazes de se libertar, mas os sacerdotes tomaram o controlo dos seus ensinamentos. Eles os deturparam e os transformaram em religiões.

Vivemos numa matriz, onde uma construção artificial de luz foi sobreposta sobre o mundo real.

Assim como no filme, Matrix, somos simplesmente baterias que alimentam os "deuses". Esta é a nossa situação, onde nascemos e morremos numa matriz e somos alimento para entidades "malignas". E claro, eles têm os seus lacaios aqui na Terra que mantêm o rebanho em linha.

Portanto, a próxima pergunta é:

O que acontece quando morremos?

Quando morremos, entramos na matriz cósmica, uma outra construção de luz falsa que chamamos de céu.

As nossas almas estão presas nesta prisão dos "deuses". Depois de passarmos algum tempo no falso céu, voltamos novamente no mesmo ciclo. Isso é chamado a roda de samsara, o ciclo de nascimento e morte.

A única saída desta prisão é despertar para quem realmente somos.

Abandonar todas as falsas crenças, deuses, anjos, gurus, etc. e, parar de alimentar esses falsos deuses com a nossa adoração, com o nosso sangue, com as nossas emoções e pensamentos negativos e, abandonar todo o jogo.

“Para ver o universo como ele é, deves avançar um passo para além da rede. Não é difícil fazê-lo, porque a rede está cheia de buracos. Observe a rede e as suas inúmeras contradições. Tu o fazes e o desfazes a cada passo. Tu queres paz, amor e felicidade e, trabalhas duro para criar dor, ódio e guerra. Desejas longevidade e comes em excesso. Desejas ter amigos e os exploras. Veja a sua rede feita de tais contradições e remove-as – a sua própria visão fará com que desapareçam” - Nisargadatta Maharaj.

Veja a Matriz por aquilo que é. Parece todo-poderosa, sem qualquer via de fuga, mas ela está cheia de buracos.

Se tiveres uma mente aberta, discernimento e os olhos para ver, todo este jogo não é nada mais do que um castelo de cartas. Através de perguntas simples, pude dar muitos exemplos de como toda essa matriz está caindo aos pedaços.

A pergunta é,

Vais acordar, ou  vais permitir ser arrastado na rede, para continuares na roda de nascimento e morte?

Imagine o quão sortudo és de teres tido contacto com as chaves para escapar desta prisão.

Podes ver o quão confuso podem ser todas as religiões, as filosofias New Age, os falsos professores e ensinamentos?

Vejo que existem alguns grandes mestres que brilham acima de toda essa confusão. Aprenda deles o que puderes, mas prepare o seu próprio caminho em direção ao seu Ser interior.

Liberte-se da prisão.

Fonte:

Reincarnation Is Enslavement by Greg Calise / https://gracianoconstantino.com/2016/04/15/a-reencarnacao-e-uma-escravidao/

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

Predadores ou Sombras de Lama, por Carlos Castaneda


Sentar-me em silêncio com Don Juan era uma das experiências mais agradáveis que já conheci. Estávamos confortavelmente sentados em cadeiras estofadas na parte de trás de sua casa nas montanhas de México central. Era fim de tarde. Havia uma brisa agradável. O sol estava atrás da casa, às nossas costas. Sua luz desvanecente criava sombras primorosas de verde nas árvores grandes do quintal. Havia grandes árvores ao redor de sua casa, e além, que obliteravam a visão da cidade onde ele vivia. Isto sempre me dava a impressão de que eu estava num ermo, um ermo diferente do estéril deserto de Sonora, mas ainda assim ermo.

"Hoje, vamos discutir um tópico muito sério em feitiçaria," disse don Juan abruptamente, "e vamos começar falando sobre o corpo de energia."

Ele tinha me descrito o corpo de energia inúmeras vezes, dizendo que era um conglomerado de campos de energia, a imagem no espelho do conglomerado de campos de energia que compõem o corpo físico quando este é visto como energia que flui no universo. Tinha dito também que ele era menor, mais compacto, e de aparência mais pesada que a esfera luminosa do corpo físico.

Don Juan tinha explicado que o corpo e o corpo de energia eram dois conglomerados de campos de energia mantidos juntos por alguma estranha força aglutinadora. Ele tinha enfatizado incansavelmente que a força que mantém juntos aqueles grupos de campos de energia era, de acordo com os feiticeiros de México antigo, a força mais misteriosa no universo; em sua avaliação pessoal, era a pura essência do cosmos inteiro, a soma total de tudo que existe.

Ele afirmava que o corpo físico e o corpo de energia eram as únicas configurações de energia contrabalançadas em nosso ‘reino’ de seres humanos. Não aceitava, portanto, nenhum outro dualismo senão aquele entre estes dois. Os dualismos entre corpo e mente, espírito e carne, eram para ele uma mera concatenação da mente, emanando dela sem qualquer base energética.

Don Juan tinha dito que por meio da disciplina é possível para qualquer um aproximar o corpo de energia do corpo físico. Normalmente, a distância entre os dois é enorme. Uma vez o corpo de energia está dentro de uma certa gama, que varia individualmente para cada pessoa, qualquer um pode, através da disciplina, forjá-lo como a réplica exata do corpo físico — ou seja, uma entidade sólida e tridimensional. Daí surgiu a idéia dos feiticeiros do outro ou o duplo. Pelo mesmo princípio, através dos mesmos processos de disciplina, qualquer um pode forjar seu corpo físico sólido e tridimensional para ser uma réplica perfeita do corpo de energia — ou seja, uma carga etérea de energia invisível ao olho humano, como é toda a energia.

Quando don Juan me contou isto, minha reação tinha sido perguntar-lhe se ele estava descrevendo uma proposição mítica. Ele respondeu que não havia nada de mítico sobre feiticeiros. Os feiticeiros eram seres práticos, e o que eles descreviam era sempre algo bastante sóbrio e razoável. De acordo com don Juan, a dificuldade em entender o que os feiticeiros fizeram era que eles agiam a partir de um sistema cognitivo diferente.

Sentando nos fundos de sua casa no México central aquele dia, don Juan disse que o corpo de energia era de importância fundamental em tudo que estava acontecendo em minha vida. Ele viu que era um fato energético que meu corpo de energia, em vez de se afastar de mim, como em geral acontece, estava se aproximando de mim com grande velocidade.

"O que significa, que está se aproximando de mim, don Juan?" eu perguntei.

"Significa que algo vai dar-lhe um tranco," ele disse sorrindo. "Um tremendo grau de controle vai entrar em sua vida, mas não o seu controle, o controle do corpo de energia."

"Você quer dizer, don Juan, que alguma força externa irá me controlar?" eu perguntei.

"Há dúzias de forças externas controlando-o neste momento," don Juan respondeu. "O controle a que me refiro é algo fora do domínio da linguagem. É seu controle e ao mesmo tempo não é. Não pode ser classificado, mas certamente pode ser experimentado. E, acima de tudo, pode certamente ser manipulado. Lembre-se disto: pode ser manipulado, para seu total benefício, claro, o que novamente, não é seu benefício, mas o benefício do corpo de energia. Porém, o corpo de energia é você, e assim poderíamos continuar para sempre, como cachorros que mordem os próprios rabos, tentando descrever isto. A linguagem é inadequada. Todas estas experiências estão além da sintaxe."

A escuridão tinha descido muito depressa, e a folhagem das árvores que tinha sido verde brilhante ainda há pouco era agora muito escura e pesada. Don Juan disse que se eu prestasse bastante atenção à escuridão da folhagem sem focalizar meus olhos, mas sim olhando com o rabo do olho, eu veria uma sombra fugaz cruzar meu campo de visão.

"Esta é a hora apropriada do dia para fazer o que estou lhe pedindo que faça," ele disse. "Leva um momento até você conseguir a atenção necessária para fazer isto. Não pare até que você veja aquela sombra preta."

Eu vi algumas sombra pretas passageiras projetadas na folhagem das árvores. Eram ou uma sombra indo de um lado para outro ou várias sombras passageiras movendo-se da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, ou diretamente para cima no ar. Elas me pareciam um peixe preto gordo e enorme.

Era como se um peixe-espada gigantesco estivesse voando no ar. Eu fui passado a limpo na visão. Então, finalmente, aquilo me assustou. Ficou muito escuro para ver a folhagem, contudo eu ainda podia ver as sombras pretas passageiras.

"O que é isso, don Juan?" eu perguntei. "Vejo sombras pretas em movimento por toda parte".
"Ah, isso é o universo imenso lá fora," ele disse, "incomensurável, não-linear, fora do reino de sintaxe. Os feiticeiros do México antigo foram os primeiros a ver essas sombras, assim eles estudaram seus movimentos. Eles as viram como você as está vendo, e eles as viram como energia que flui no universo. E eles descobriram algo transcendental".

Ele parou de falar e olhou para mim. Suas pausas eram perfeitamente colocadas. Ele sempre parava de falar quando eu estava preso por um fio.

"O que eles descobriram, don Juan?" eu perguntei.

"Eles descobriram que nós temos companhia na vida," ele disse, tão claramente quanto pôde. "Nós temos um predador que veio das profundezas do cosmos e assumiu o controle de nossas vidas. Os seres humanos são seus prisioneiros. O predador é nosso senhor e mestre. Nos faz dóceis e desamparados. Se queremos protestar, suprime nosso protesto. Se queremos agir independentemente, exige que não o façamos."

Estava muito escuro ao nosso redor, e isso parecia restringir qualquer reação de minha parte. Se fosse dia, eu teria rido até cair. Na escuridão, eu me sentia totalmente inibido.

"Está um breu aqui", don Juan disse, "mas se você olhar pelo canto do olho, você ainda verá sombras em movimento, saltando ao seu redor."

Ele estava certo. Eu ainda podia vê-las. Seu movimento me deixou atordoado. Don Juan acendeu a luz, e isso pareceu dissipar tudo.

"Você chegou, por seu próprio esforço, ao que os xamãs do México antigo chamavam ‘o tópico de tópicos’," don Juan disse. "Eu tenho usado de evasivas a esse respeito até agora, insinuando a você que algo está nos mantendo prisioneiros. Realmente nós somos prisioneiros! Este era um fato energético para os feiticeiros de México antigo."

"Por que este predador assumiu o controle do modo que você está descrevendo, don Juan?" eu perguntei. "Deve haver uma explicação lógica."

"Há uma explicação", don Juan respondeu, "que é a explicação mais simples no mundo. Eles nos dominam porque somos comida para eles, e nos apertam impiedosamente porque somos seu sustento. Da mesma maneira que nós criamos galinhas em galinheiros, gallineros, os predadores nos criam em gaiolas humanas, humaneros. Então, sua comida está sempre disponível para eles."

Eu sentia que minha cabeça estava sacudindo violentamente de um lado para o outro. Não podia expressar meu profundo senso de desconforto e descontentamento, mas meu corpo se moveu para trazê-lo à superfície. Eu tremi da cabeça aos pés sem qualquer volição de minha parte.

"Não, não, não, não," eu me ouvi dizendo. "Isto é absurdo, don Juan. O que você está dizendo é algo monstruoso. Simplesmente não pode ser verdade, para feiticeiros ou para homens comuns, ou para qualquer um."

"Por que não?" don Juan calmamente perguntou. "Por que não? Porque o enfurece?"

"Sim, me enfurece," eu repliquei. " Essas afirmações são monstruosas!"

"Bem," ele disse, "você não ouviu todas as afirmações ainda. Espere um pouco mais e veja como você se sente. Eu vou sujeitá-lo a um ataque relâmpago. Aliás, eu vou sujeitar sua mente a tremendos assaltos, e você não pode levantar e partir porque você está preso. Não porque eu o estou prendendo, mas porque algo em você o impedirá de partir, enquanto outra parte de você ficará totalmente desarvorada. Então prepare-se!"

Havia algo em mim que estava, eu sentia, com desejo de ser castigado. Ele tinha razão. Eu não teria ido embora por nada neste mundo. E ainda assim eu não gostava nem um pouco das coisas que ele estava dizendo.

"Eu quero atrair a sua mente analítica," don Juan disse. "Pense por um momento, e me diga como você explica a contradição entre a inteligência do homem engenheiro e a estupidez de seus sistemas de convicções, ou a estupidez de seu comportamento contraditório. Os feiticeiros acreditam que os predadores nos deram nosso sistema de crenças, nossas idéias de bem e mal, nossos costumes sociais. Foram eles que programaram nossas esperanças e expectativas e sonhos de sucesso ou fracasso. Eles nos deram ambição, ganância, e covardia. São os predadores que nos fazem complacentes, rotineiros, e egomaníacos."

"Mas como eles podem fazer isto, don Juan?" eu perguntei, de alguma maneira mais irritado com o que ele estava dizendo. "Eles sussurram tudo isso em nossos ouvidos enquanto estamos adormecidos?"

"Não, eles não fazem assim. Isso é idiota!" don Juan disse, sorrindo. "Eles são infinitamente mais eficientes e organizados que isso. Para nos manter obedientes, submissos e fracos, os predadores empreenderam uma manobra estupenda — estupenda, claro, do ponto de vista de um combatente estrategista. Uma manobra horrenda do ponto de vista dos que a sofrem. Eles nos deram sua mente! Entende? Os predadores nos dão a mente deles que se torna a nossa mente. A mente dos predadores é grotesca, contraditória, taciturna e cheia de medo de ser descoberta a qualquer momento."

"Eu sei que embora nunca tenha passado fome," ele continuou, "você tem ansiedade por comida que não é diferente da ansiedade do predador que teme que a qualquer momento sua manobra vai ser descoberta e sua comida vai ser negada. Pela nossa mente que, afinal de contas, é a mente deles, os predadores injetam nas vidas dos seres humanos tudo que é conveniente para eles. E eles asseguram, desta maneira, um grau de segurança para agir como um pára-choque contra o medo deles."

"Não é que eu não possa aceitar tudo isso desta forma, don Juan," eu disse. "Eu posso, mas há algo tão odioso nisso que na verdade me repele. Me força a assumir um ponto de vista contraditório. Se é verdade que eles se alimentam de nós, como eles fazem isso?"

Don Juan deu um largo sorriso. Ele estava tão contente quanto um saltimbanco. Ele explicou que os feiticeiros vêem as crianças como estranhas e luminosas bolas de energia, cobertas de cima a baixo com uma capa brilhante, algo como uma cobertura de plástico que é ajustada firmemente em cima de seu casulo de energia. Ele disse que aquela capa brilhante de consciência era o que os predadores consumiam, e que quando um ser humano alcançava a idade adulta, tudo que sobrava daquela capa brilhante de consciência era uma franja estreita que ia do chão ao topo dos dedos do pé. Aquela franja permitia ao gênero humano continuar vivendo, mas só de forma precária.

Como em um sonho, eu ouvi don Juan Matus explicando que, ao que ele sabia, o homem era a única espécie que tinha a capa brilhante de consciência fora de seu casulo luminoso. Portanto, ele se tornou presa fácil para uma consciência de uma ordem diferente, como a consciência pesada do predador.

Ele fez então a declaração mais prejudicial que tinha feito até então. Ele disse que esta faixa estreita de consciência era o epicentro da auto-reflexão, onde o homem era irremediavelmente preso. Manipulando nossa auto-reflexão, que é o único ponto de consciência que nos restou, os predadores criam lampejos de consciência que eles em seguida consomem de forma cruel e predatória. Eles nos dão problemas frívolos que forçam esses lampejos de consciência a aumentar, e desta maneira nos mantêm vivos para que eles possam ser alimentados com o brilho energético de nossas pseudo-preocupações.

Deve ter havido algo tão devastador no que don Juan estava dizendo que naquele momento eu comecei a sentir ânsias de vômito.

Depois de uma pausa, longa bastante para eu me recuperar, perguntei a don Juan: "Mas por que é que os feiticeiros de México antigo e todos os feiticeiros de hoje, embora vissem os predadores, não faziam nada a respeito?"

"Não há nada que você ou eu possamos fazer sobre isso," don Juan disse em uma voz triste e grave. "Tudo que nós podemos fazer é disciplinar-nos até o ponto onde eles não poderão nos tocar. Como você pode pedir para os seres humanos que passem por esses rigores de disciplina? Eles rirão e farão chacota de você, e os mais agressivos irão até bater-lhe. E nem tanto porque eles não acreditem nisto. Bem fundo, nos recônditos de todo ser humano, há um conhecimento ancestral, visceral sobre a existência dos predadores."

Minha mente analítica balançava de um lado para outro como um ioiô. Me deixava e voltava e me deixava e voltava novamente. O que quer que don Juan estivesse propondo era irracional e inacreditável. Ao mesmo tempo, era uma coisa bem razoável, tão simples. Explicava todo tipo de contradição humana que eu pudesse imaginar. Mas como se poderia levar tudo isso seriamente? Don Juan estava me empurrando no caminho de uma avalanche que poderia me levar para sempre.

Eu sentia uma outra onda de sensação ameaçadora. A onda não se originou de mim, contudo estava presa a mim. Don Juan estava me fazendo algo misteriosamente positivo e terrivelmente negativo ao mesmo tempo. Eu sentia isto como se fosse uma tentativa para cortar algo como um filme fino que parecia estar colado a mim. Seus olhos estavam cravados em mim em um olhar fixo. Ele passou a olhar para longe e começou a falar sem olhar mais para mim.

"Sempre que as dúvidas empurrarem você para um ponto perigoso," ele disse, "faça algo pragmático a respeito. Apague a luz. Perscrute a escuridão; descubra o que você pode ver."

Ele se levantou para apagar as luzes. Eu o impedi.

"Não, não, don Juan," eu disse, não apague as luzes. "Eu estou bem."

O que eu sentia então era um, para mim incomum, medo da escuridão. O mero pensamento me fez arquejar. Eu definitivamente sabia algo visceralmente, mas não ousaria pensar, ou trazer isto à superfície, nem em um milhão de anos!

"Você viu as sombras passageiras contra as árvores," don Juan disse, recostando-se no espaldar de sua cadeira. "Isso é muito bom. Eu gostaria que você os visse dentro deste quarto. Você não está vendo nada. Você está simplesmente capturando imagens passageiras. Você tem bastante energia para isso."

Eu temia que don Juan se levantasse de qualquer maneira e apagasse as luzes, o que ele fez. Dois segundos depois, eu estava gritando a plenos pulmões. Não só consegui um rápido lampejo dessas imagens passageiras, como eu os ouvi zumbindo em meus ouvidos. Don Juan caiu na gargalhada enquanto acendia as luzes.

"Que sujeito temperamental!" ele disse. "Um cético total, por um lado, e um pragmático total por outro. Você tem que organizar esta briga interna. Caso contrário, você vai inchar como um sapo grande e estourar."

Don Juan continuou a espetar suas farpas mais e mais profundamente em mim. "Os feiticeiros de México antigo," ele disse, "viam o predador. Eles o chamaram o voador porque voa pelo ar. Não é uma bela visão. É uma sombra grande, impenetravelmente escura, uma sombra preta que salta pelo ar. Então, pousa pesadamente no chão. Os feiticeiros de México antigo ficavam facilmente doentes com a idéia de quando teriam feito seu aparecimento na Terra. Eles achavam que o homem deveria ter sido em certo ponto um ser completo, com insights estupendos e feitos de consciência que são hoje em dia lendas mitológicas. E então tudo parece desaparecer, e nós temos um homem sedado agora."

Eu queria ficar com raiva, chamá-lo paranóico, mas de alguma maneira a certeza que em geral eu tinha debaixo da superfície de meu ser não estava lá. Algo em mim estava além do ponto de fazer minha pergunta favorita: E se tudo aquilo que ele disse fosse verdade? No momento em que ele estava falando comigo, naquela noite, no fundo de meu coração, sentia que tudo o que ele estava dizendo era verdade, mas ao mesmo tempo, e com igual força, tudo aquilo que ele estava dizendo era o próprio absurdo.

"O que você está dizendo, don Juan?" eu perguntei debilmente. Minha garganta estava apertada. Eu quase não podia respirar.

"O que eu estou dizendo é que o que temos contra nós não é um simples predador. É muito inteligente, e organizado. Segue um sistema metódico para nos fazer inúteis. O Homem, o ser mágico que ele é destinado a ser, não é mais mágico. Ele é um pedaço comum de carne. Não há nenhum mais sonho no homem a não ser os sonhos de um animal que está sendo criado para se tornar um pedaço de carne: muito vulgar, convencional, imbecil."

As palavras de Don Juan estavam arrancando uma estranha reação corporal em mim, comparável à sensação de náusea. Era como se eu fosse enjoar novamente. Mas a náusea estava vindo do fundo de meu ser, da medula de meus ossos. Eu tive uma convulsão involuntária. Don Juan me sacudiu vigorosamente pelos ombros. Eu sentia meu pescoço balançando para a frente e para trás em conseqüência de seu aperto. A manobra me acalmou imediatamente. Eu me sentia mais controlado.

"Este predador," don Juan disse, "que, claro, é um ser inorgânico, não é completamente invisível a nós, como outros seres inorgânicos são. Eu penso que quando crianças nós podemos vê-lo e decidimos que é tão horroroso que nós não queremos pensar nisto. Crianças, claro, podem teimar em focalizar sua visão, mas todos ao seu redor as dissuadem de fazer isso."

"A única alternativa deixada para o gênero humano," ele continuou, "é a disciplina. Disciplina é o único dissuasor. Mas por disciplina eu não quero dizer rotinas severas. Eu não quero dizer acordar todas as manhãs às cinco e meia e entrar na água fria até que você fique azul. Feiticeiros entendem disciplina como a capacidade para enfrentar com serenidade imprevistos que não estão incluídos em nossas expectativas. Para eles, disciplina é uma arte: a arte de enfrentar o infinito sem vacilar, não porque eles são fortes e duros mas porque eles estão cheios de respeito e temor."

"De que modo poderia a disciplina dos feiticeiros ser um impedimento?" eu perguntei.

"Os feiticeiros dizem que disciplina torna a capa brilhante de consciência sem sabor para o voador," don Juan disse, examinando minha expressão como para descobrir qualquer sinal de descrença. "O resultado é que os predadores ficam desnorteados. Uma capa brilhante de consciência não comestível não é parte da cognição deles, eu suponho. Depois de ficarem confusos, eles não têm nenhum recurso além de se abster de continuar sua tarefa abominável."

"Se os predadores não comerem nossa capa brilhante de consciência por algum tempo," ele continuou, "ela continuará crescendo. Simplificando este assunto ao extremo, eu posso dizer que feiticeiros, por meio de sua disciplina, repelem os predadores tempo suficiente para permitir que sua capa brilhante de consciência cresça além do nível dos dedos do pé. Uma vez que vá além do nível dos dedos do pé, cresce de volta a seu tamanho natural."

"Os feiticeiros de México antigo costumavam dizer que a capa brilhante de consciência é como uma árvore. Se não é podada, cresce até seu volume e tamanho naturais. Quando a consciência atinge níveis mais altos que os dedos do pé, tremendas manobras de percepção se tornam naturais."

"O truque principal desses feiticeiros de tempos antigos," don Juan continuou, "era sobrecarregar a mente dos voadores com disciplina. Eles descobriram que se eles ‘taxassem’ a mente dos voadores com silêncio interno, a instalação estrangeira fugiria, dando a qualquer um dos praticantes envolvidos nesta manobra a certeza total da origem externa da mente. A instalação estrangeira volta, eu lhe asseguro, mas não tão forte, e começa um processo no qual o fugir da mente dos voadores se torna rotineiro, até um dia que foge permanentemente. Um dia triste realmente! Esse é o dia em que você tem que confiar nos seus próprios dispositivos, que são quase zero. Não há ninguém para lhe dizer o que fazer. Não há nenhuma mente de origem alienígena para ditar as imbecilidades às quais você está acostumado."

"Meu professor, o nagual Julian, costumava advertir todos os seus discípulos," don Juan continuou, "que este era o dia mais duro na vida de um feiticeiro, pois a mente real que pertence a nós, a soma total de nossas experiências, depois de toda uma vida de dominação se tornou tímida, insegura, e velhaca. Pessoalmente, eu diria que a batalha real dos feiticeiros começa naquele momento. O resto somente é preparação."

Eu fiquei genuinamente agitado. Queria saber mais, e ainda assim um sentimento estranho em mim clamava para eu parar. Aludia a resultados negros e castigo, algo como a ira de Deus descendo em mim por ter mexido com algo ocultado pelo próprio Deus. Eu fiz um esforço supremo para permitir minha curiosidade vencer.

"Qu—qu—que você quer dizer," eu me ouvi dizer, "taxando a mente dos voadores?"

"Disciplina taxa a mente estrangeira tremendamente," ele respondeu. "Assim, pela disciplina, feiticeiros derrotam a instalação alienígena."

Eu fui subjugado por suas declarações. Eu acreditava que, ou don Juan estava comprovadamente insano ou o que ele estava me contando era algo tão tremendo que gelou tudo em mim. Percebi, contudo, quão rapidamente eu reuni minha energia para negar tudo que ele tinha dito. Depois de um momento de pânico, eu comecei a rir, como se don Juan tivesse me contado uma piada. Eu até me ouvi dizendo, "Don Juan, don Juan, você é incorrigível!"

Don Juan parecia entender tudo que eu estava experimentando. Ele balançou a cabeça de um lado ao outro e elevou os olhos aos céus em um gesto de desespero fingido.

"Eu sou tão incorrigível," ele disse, "que eu vou dar à mente dos voadores, que você leva dentro de si, mais uma pancada. Eu vou lhe revelar um dos segredos mais extraordinários de feitiçaria. Eu vou descrever a você um achado que os feiticeiros levaram milhares de anos para verificar e consolidar."

Ele olhou para mim e sorriu maliciosamente. "A mente dos voadores foge para sempre," ele disse, "quando um feiticeiro tem sucesso em agarrar a força vibratória que nos une num conglomerado de campos de energia. Se um feiticeiro mantiver aquela pressão tempo suficiente, a mente dos voadores foge derrotada. E isso é exatamente o que você vai fazer: agarre-se à energia que o mantém unido."

Eu tive a reação mais inexplicável que poderia imaginar. Algo em mim na verdade tremeu, como se tivesse recebido uma sacudidela. Eu entrei em um estado de medo injustificável, que eu imediatamente associei à minha formação religiosa.

Don Juan olhou para mim da cabeça aos pés.

"Você está temendo a ira de Deus, não é?" ele disse. "Fique certo, isso não é seu medo. É o medo dos voadores, porque sabe que você fará exatamente como eu estou lhe falando."

As palavras dele não me acalmaram em absoluto. Eu me sentia pior. Eu estava tendo ânsias de vômito involuntariamente, e não tinha nenhum meio de parar isto.

"Não se preocupe," disse don Juan calmamente. "Eu sei por experiência que esses ataques se enfraquecem muito depressa. "A mente do voador não tem absolutamente nenhuma concentração."

Depois de um momento, tudo parou, como don Juan tinha predito. Dizer novamente que eu estava confuso é um eufemismo. Esta foi a primeira vez, em minha vida, com don Juan ou só, que eu não soube se eu estava vindo ou indo. Eu quis sair da cadeira e caminhar ao redor, mas estava mortalmente amedrontado. Eu estava cheio de afirmações racionais, mas ao mesmo tempo eu estava cheio de um medo infantil. Eu comecei a respirar profundamente, pois uma transpiração fria cobria meu corpo inteiro. Eu tinha liberado de alguma maneira em mim uma visão miserável: sombras pretas, esvoaçantes, saltando ao redor de mim, para onde quer que eu me virasse.

Eu fechei meus olhos e descansei minha cabeça no braço da cadeira estofada. "Eu não sei para onde me virar, don Juan," eu disse. "Hoje à noite, você realmente teve sucesso em me deixar perdido."

"Você está sendo rasgado por uma luta interna," disse don Juan. "Bem nas profundezas de seu ser, você sabe que é incapaz de recusar o acordo em que uma parte indispensável de você, sua capa brilhante de consciência, vai servir como uma fonte incompreensível de alimento para, naturalmente, entidades incompreensíveis. E outra parte de você ficará contra esta situação com todo seu poder."

"A revolução dos feiticeiros," ele continuou, "é que eles recusam honrar acordos dos quais eles não participaram. Ninguém nunca me perguntou se eu consentia em ser comido por seres de um tipo diferente de consciência. Meus pais apenas me trouxeram neste mundo para ser comida, como eles, e isso é o fim da história."

Don Juan se levantou da cadeira e esticou os braços e pernas. "Estamos sentados aqui há horas. Está na hora de entrar em casa. Eu vou comer. Você quer comer comigo?"

Eu recusei. Meu estômago estava em alvoroço.

"Eu acho que você devia dormir," ele disse. "Esse ataque o devastou."

Eu não precisava mais nenhuma persuasão. Desmoronei sobre minha cama e dormi como um morto.

Em casa, à medida que o tempo passava, a idéia dos voadores se tornou um das principais fixações de minha vida. Eu cheguei ao ponto onde eu sentia que don Juan estava absolutamente certo sobre eles. Não importa quanto eu tentasse, não podia descartar sua lógica. Quanto mais eu pensava nisso, mais eu falava e observava a mim e meus pares da raça humana, mais intensa a convicção de que algo estava nos tornando incapaz de qualquer atividade ou qualquer interação ou qualquer pensamento que não tivesse o ego como ponto focal. Minha preocupação, como também a preocupação de todos que eu conhecia ou com quem conversava, era o ego. Como eu não podia achar nenhuma explicação para tal homogeneidade universal, eu acreditei que a linha de pensamento de don Juan era o modo mais apropriado de elucidar o fenômeno.

Eu mergulhei tão profundamente quanto pude em leituras sobre mitos e lendas. Lendo, experimentei algo que eu nunca tinha sentido antes: cada um dos livros que eu lia era uma interpretação de mitos e lendas. Em cada um desses livros, uma mente homogênea era palpável. Os estilos diferiam, mas a força atrás das palavras era homogeneamente a mesma: embora o tema fosse algo tão abstrato quanto mitos e lendas, os autores sempre conseguiam inserir declarações sobre si próprios. O impulso homogêneo atrás de cada um desses livros não era o tema declarado do livro; era, ao invés, auto-serviço. Eu nunca tinha sentido isto antes.

Eu atribuí minha reação à influência de don Juan. A pergunta inevitável que eu me fiz era: ele está me influenciando a ver isto, ou realmente há uma mente alienígena que dita tudo que nós fazemos? Eu caí, por força das circunstâncias, em negação novamente, e mudava insanamente da negação para a aceitação e novamente para a negação. Algo em mim sabia que o que don Juan estava querendo dizer era um fato energético, mas algo igualmente importante em mim sabia que tudo isso era absurdo. O resultado final de minha luta interna era um senso de presságio, o senso de algo iminentemente perigoso vindo a mim.

Eu fiz investigações antropológicas extensas sobre o assunto dos voadores em outras culturas, mas não pude achar nenhuma referência, em qualquer lugar, a eles. Don Juan parecia ser a única fonte de informação sobre este assunto. Da próxima vez que eu o vi, eu imediatamente comecei a falar sobre os voadores.

"Eu tentei o máximo ser racional sobre este assunto," disse eu, "mas eu não posso. Há momentos em que eu concordo completamente com você sobre os predadores."

"Focalize sua atenção nas sombras fugazes que você vê de fato," don Juan disse com um sorriso.

Eu disse a don Juan que essas sombras iam ser o fim de minha vida racional. Eu as via em todos os lugares. Desde que tinha deixado sua casa, eu era incapaz de dormir na escuridão. Dormir com as luzes acesas não me aborrecia em nada. O momento em que eu apagava as luzes, porém, tudo ao meu redor começava a saltar. Eu nunca via figuras completas ou formas. Tudo que eu via eram sombras pretas fugazes.

"A mente dos voadores não o deixou," disse don Juan, "Ela foi seriamente ferida. Está tentando ao máximo rearranjar sua relação com você. Mas algo em você está rompido para sempre. O voador sabe isso. O perigo real é que a mente dos voadores pode ganhar cansando-o e forçando-o a desistir, mostrando a contradição entre o que ela diz e o que eu digo."

"Você vê, a mente dos voadores não tem nenhum competidor," don Juan continuou. "Quando ela propõe algo, concorda com sua própria proposição, e o faz acreditar que você fez algo de valor. A mente dos voadores dirá a você que tudo que Juan Matus está contando é pura tolice, e então a mesma mente concordará com sua própria proposição, 'Sim, claro que é tolice,' você dirá. Esse é o modo com que eles nos derrotam."

"Os voadores são uma parte essencial do universo," ele continuou, "e devem ser levados como o que eles realmente são — pavorosos, monstruosos. Eles são os meios pelos quais o universo nos testa."

"Nós somos sondas energéticas criadas pelo universo," ele continuou como se estivesse inconsciente da minha presença, "e é porque nós somos os possuidores de energia que tem consciência que nós somos os meios pelos quais o universo se dá conta de si mesmo. Os voadores são os desafiantes implacáveis. Eles não podem ser tomados como qualquer outra coisa. Se nós temos sucesso nisso, o universo nos permite continuar."

Eu quis que don Juan dissesse mais. Mas ele disse apenas, "a blitz terminou a última vez que você esteve aqui; há tanto que você pode dizer sobre os voadores. Está na hora de outro tipo de manobra."

Eu não pude dormir aquela noite. Entrei em um sono leve, nas primeiras horas da madrugada, até que don Juan me tirou de minha cama e me levou para uma caminhada nas montanhas. Onde ele vivia, a configuração da terra era muito diferente daquela do deserto de Sonora, mas ele me disse que não me preocupasse com comparações, porque depois de caminhar durante um quarto de milha, todo lugar do mundo era a mesma coisa.

"Apreciar a vista é para pessoas em carros," ele disse. "Eles vão a grande velocidade sem qualquer esforço de sua parte. Apreciar a vista não é para andarilhos. Por exemplo, quando você está indo em um carro, você pode ver uma montanha gigantesca cuja visão o subjuga com sua beleza. A visão da mesma montanha não o subjugaria da mesma maneira se você olhá-la enquanto você for a pé; o impressionará de modo diferente, especialmente se você tem que escalá-la ou dar a volta em torno dela."

Estava muito quente aquela manhã. Caminhamos em um leito fluvial seco. Uma coisa que aquele vale e o deserto de Sonora tinham em comum era os milhões de insetos. Os mosquitos e moscas ao meu redor estavam como bombardeiros kamikazes que miravam minhas narinas, olhos e orelhas. Don Juan me disse que não prestasse atenção ao seu zumbido.

"Não os tente dispersar com sua mão," ele disse em um tom firme. "Intente-os longe. Monte uma barreira de energia ao seu redor. Fique em silêncio, e de seu silêncio será construída a barreira. Ninguém sabe como isto é feito. É uma dessas coisas que os feiticeiros antigos chamavam fatos energéticos. Desligue seu diálogo interno. Isso é tudo que é necessário."

"Eu quero propor uma idéia estranha a você," dom Juan disse enquanto continuava caminhando à minha frente.

Eu tive que apressar meus passos para me aproximar dele e não perder nada do que ele dizia.
"Eu tenho que deixar claro que esta é uma idéia estranha que achará resistência infinita em você," ele disse. "Já vou lhe avisando que você não aceitará isto facilmente. Mas o fato de que é estranho não deveria ser um impedimento. Você é um cientista social. Então, sua mente está sempre aberta à investigação, não é assim?"

Don Juan estava tirando sarro descaradamente de mim. Eu percebi, mas isto não me aborreceu. Talvez devido ao fato de que ele estava caminhando tão rápido, e eu tinha que fazer um tremendo esforço para manter seu ritmo, o sarcasmo dele não me atingia, e em vez de me deixar irritado, me fez rir. Minha atenção integral estava focalizada no que ele estava dizendo, e os insetos ou deixaram de me aborrecer porque eu tinha intentado uma barreira de energia ao meu redor ou porque eu estava tão ocupado escutando don Juan que não me preocupava mais com seu zumbido.

"A idéia estranha," ele disse lentamente, medindo o efeito de suas palavras, "é que todo ser humano nesta terra parece ter exatamente as mesmas reações, os mesmos pensamentos, os mesmos sentimentos. Eles parecem responder mais ou menos do mesmo modo aos mesmos estímulos. Essas reações parecem algo "enevoadas" pelo idioma que eles falam, mas se nós eliminarmos isso, são exatamente as mesmas reações que sitiam todo ser humano na Terra. Eu gostaria que você ficasse curioso sobre isto, como cientista social, claro, e veja se você poderia explicar formalmente tal homogeneidade."

Don Juan coletou uma série de plantas. Algumas delas quase não poderiam ser vistas. Eles pareciam estar mais no reino das algas e musgo. Eu segurei sua bolsa aberta, e não nos falamos mais. Quando ele teve bastante plantas, tomou o caminho de casa, caminhando tão rápido quanto podia. Ele disse que queria limpar e separar essas plantas e colocá-las em ordem antes que secassem muito.

Eu estava profundamente envolvido pensando na tarefa que ele tinha delineado para mim. Comecei tentando revisar em minha mente se eu conhecia qualquer artigo ou documento escrito sobre este assunto. Eu pensei que eu teria que pesquisar, e decidi começar minha pesquisa lendo todos os trabalhos disponíveis em âmbito nacional. Eu me pus entusiástico sobre o tema, de modo fortuito, e realmente quis ir imediatamente para casa, porque queria levar a tarefa a sério, mas antes que nós chegássemos à sua casa, don Juan se sentou em uma borda alta que descortinava o vale. Não disse nada durante algum tempo. Ele não estava ofegante. Não pude conceber por que ele tinha parado para se sentar.

"A tarefa do dia, para você," ele disse abruptamente, em um tom de presságio, "é uma das coisas mais misteriosas da feitiçaria, algo que vai além da linguagem, além das explicações. Nós caminhamos hoje, nós falamos, porque o mistério de feitiçaria deve ser acomodado dentro do mundano. Deve originar-se do nada, e voltar novamente para o nada. Isso é a arte dos guerreiro-viajantes: passar pelo buraco de uma agulha desapercebidos. Então, firme-se apoiando suas costas nesta parede de pedra, o mais longe possível da extremidade. Eu estarei próximo, no caso de você desfalecer ou cair.

"O que você está planejando fazer, don Juan?" eu perguntei, e meu alarme era tão patente que eu notei e baixei minha voz.

"Eu quero que você cruze suas pernas e entre no silêncio interior," ele disse. "Digamos que você quer descobrir que artigos você poderia procurar para desacreditar ou substanciar o que eu lhe pedi que faça em seu ambiente acadêmico. Entre no silêncio interior, mas não durma. Esta não é uma viagem pelo mar escuro de consciência. Isto é ver a partir do silêncio interior."

Era bastante difícil para mim entrar no silêncio interior sem cair adormecido. Eu lutei contra um desejo quase invencível de dormir. Tive sucesso, e me vi olhando para o fundo do vale a partir de uma escuridão impenetrável ao meu redor. E então, eu vi algo que me gelou até a medula dos ossos. Eu vi uma sombra gigantesca, de talvez cinco metros de comprimento, saltando no ar e pousando com um baque silencioso. Eu sentia o baque em meus ossos, mas não o ouvi.

"Eles são realmente pesados," don Juan disse em meu ouvido. Ele estava me segurando pelo braço esquerdo, com toda a força que podia.

Eu vi algo que se parecia com um meneio de sombra de lama agitar-se no chão, e então dar outro pulo gigantesco, talvez de quinze metros, e pousar novamente, com o mesmo baque silencioso ameaçador. Eu lutei para não perder minha concentração. Estava amedrontado além de qualquer coisa que eu pudesse usar racionalmente como descrição. Mantive meus olhos fixos na sombra saltando no fundo do vale. Então eu ouvi um zumbido mais peculiar, uma mistura do som de asas batendo e o zumbido de um rádio cujo dial não sintonizou totalmente a freqüência de uma estação de rádio, e o baque que seguiu foi algo inesquecível. Sacudiu don Juan e eu a fundo — uma sombra de lama preta gigantesca tinha acabado de pousar aos nossos pés.

"Não fique apavorado," don Juan disse imperiosamente. "Mantenha seu silêncio interior e ela se afastará."

Eu estava tremendo de cabeça aos pés. Tive o conhecimento claro de que se eu não mantivesse meu silêncio interior vivo, a sombra de lama me cobriria como uma manta e me sufocaria. Sem esquecer a escuridão ao meu redor, eu gritei com todas as minhas forças. Nunca tido estado tão irritado, tão totalmente frustrado. A sombra deu outro pulo, claramente para o fundo do vale. Eu continuei gritando, sacudindo minhas pernas. Eu queria livrar-me de tudo que pudesse vir a me comer. Meu estado de nervosismo era tão intenso que eu perdi o controle do tempo. Talvez eu tenha desmaiado.

Quando despertei, eu estava em minha cama na casa de don Juan. Havia uma toalha, encharcada em água gelada, enrolada em minha testa. Eu estava ardendo em febre. Um das discípulas de don Juan esfregava minhas costas, peito e testa com álcool, mas isto não me aliviou. O calor que eu estava experimentando vinha de dentro. Era gerado por minha ira e impotência.

Don Juan riu como se o que estava acontecendo a mim fosse a coisa mais engraçada no mundo. Acessos de riso o invadiam de forma contínua.

"Eu nunca teria pensado que você levaria ver um voador tão a sério," ele disse.

Ele me levou pela mão e me conduziu à parte de trás da casa, onde ele me mergulhou em uma banheira enorme de água, completamente vestido — sapatos, relógio, tudo.

"Meu relógio, meu relógio!" eu gritei.

Don Juan se torcia de rir. "Você não deveria usar um relógio quando vem me ver," ele disse. "Agora você estragou seu relógio!"

Eu tirei meu relógio e o pus ao lado da banheira. Me lembrei que era à prova d’água e que nada poderia lhe acontecer.

Ser molhado na banheira me ajudou enormemente. Quando don Juan me tirou da água gelada, eu tinha ganho um certo grau de controle.

"Essa coisa é absurda!" eu continuei repetindo, incapaz de dizer qualquer outra coisa.

O predador que don Juan tinha descrito não era algo benevolente. Era enormemente pesado, bruto, indiferente. Eu sentia seu descaso por nós. Indubitavelmente, tinha nos esmagado eras atrás, tornando-nos, como don Juan tinha dito, fracos, vulneráveis e dóceis. Eu tirei minhas roupas molhadas, cobri-me com um poncho, sentei em minha cama, e verdadeiramente me acabei de tanto chorar, mas não por mim. Minha ira e meu intento inflexível não os deixariam me comer. Eu chorei por meus companheiros da raça humana, especialmente por meu pai. Eu nunca soube até aquele momento que eu o amava tanto.

"Ele nunca teve uma chance," eu me ouvi repetindo, sem parar, como se as palavras realmente não fossem minhas. Meu pobre pai, o ser mais atencioso que eu conheci, tão meigo, tão doce, tão desamparado.

Carlos Castaneda - O Lado Ativo do Infinito

obs.: Filmes de referência - Cidade das Sombras (Dark City), Matrix e Eles vivem (They Live)



Sagrado Feminino: Kali.

Justamente hoje (08/03//2024) é interessante lembrar de um arquétipo do feminino que é fundamental, não só pela sincronicidade que está rola...